Apenas se conhece 19% do mar profundo, conhecimento é a chave

O presidente do Comité Português para a Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI), da UNESCO, alertou hoje para a grande falta de informação e de conhecimento sobre os oceanos, apenas se conhecendo 19% do mar profundo.

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Lusa
05/05/2021 21:27 ‧ 05/05/2021 por Lusa

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Luís Menezes Pinheiro foi hoje um dos intervenientes numa conferência 'online' promovida pela Ciência Viva e a propósito da Década do Oceano.

A Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou a década 2021-2030 como a Década da Ciência do Oceano para o Desenvolvimento Sustentável.

Ao falar das ações e programas para a década Luís Menezes Pinheiro disse que se pretende ter até 2030 os fundos marinhos cartografados, que não são conhecidos até hoje em detalhe.

"Conhecemos cerca de 19% do oceano profundo. E das águas pouco profundas com boa resolução conhecemos talvez 50%", afirmou, acrescentando que nesta década se pretende ainda fazer um inventário dos ecossistemas marinhos e promover a literacia do oceano.

É preciso, disse, convencer os Estados de que observação dos oceanos é fundamental. "Não podemos atuar sobre aquilo que não conhecemos" e, citando outro interveniente na conferência, "também não conseguimos proteger e amar o que não conhecemos".

Em resumo, disse Luís Menezes Pinheiro, a década que agora começou tem de ser transformadora, tem de definir ações e soluções, e as pessoas têm de ser audaciosas e juntar-se e partilhar conhecimentos, tudo na defesa do oceano, porque a visão de hoje é de que há "um planeta, um oceano" e não vários oceanos.

O responsável afirmou ainda que é no oceano que se encontram as chaves para compreender a origem da vida, que pode ser dele que venham "caminhos mais sustentáveis para o planeta", e que ainda assim os humanos têm "tratado o oceano como reservatório de lixo". "Está na altura de salvarmos o oceano", apelou.

Além de garantir sistemas oceânicos sustentáveis, é preciso assegurar que há avisos precoces para eventos extremos e aumentar a resiliência e capacidade de adaptação das populações às alterações climáticas, porque "não faz sentido" continuar a construir-se junto ao mar.

A Década que agora começou pretende contribuir, lembrou o responsável, para um oceano mais limpo, identificando poluições (não apenas o plástico, porque "os antibióticos começam a ser um problema gravíssimo"), para um oceano mais saudável e resiliente, para um oceano mais previsível, para um uso do oceano mais sustentável, e para uma população com menos riscos e mais informada.

A COI é o organismo das Nações Unidas responsável pelas ciências do mar e foi criada em 1960.

Na conferência de hoje, entre outros, participou a investigadora Filipa Bessa, do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente da Universidade de Coimbra, que explicou dois projetos em que o Centro está envolvido, um deles que utiliza drones para mapear zonas costeiras e identificar lixo.

Filipe Brandão, gestor de projeto na GMV, uma multinacional tecnológica ligada nomeadamente ao setor espacial, explicou também como estão a ser usadas imagens de satélite para detetar lixo no oceano.

O plástico é o principal lixo que se encontra no mar, que recebe oito milhões de toneladas por ano. "Em 2030, se nada for feito, serão 50 milhões de toneladas", avisou Filipa Bessa.

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