António Costa falava na sessão de abertura da Cimeira Social, no edifício da Alfandega, no Porto, antes da intervenção da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
"Chegou o momento de pôr rapidamente em marcha a recuperação económica e social com base nos motores das transições climática e digital. Mas esta recuperação só será sustentável e bem sucedida se for justa e se for inclusiva", sustentou o primeiro-ministro de Portugal, país que até junho preside ao Conselho da União Europeia (UE).
Num discurso com cerca de dez minutos, o líder do executivo português assumiu que estas transições ao nível do digital e do clima "geram oportunidades, mas geram também grandes angústias e muita ansiedade".
"Como qualquer transformação económica e social, estas mudanças geram criação, mas também geram destruição. Trazem a ansiedade a milhões de trabalhadores confrontados com novas formas de trabalho, trazem a virtualização de direitos tão duramente conquistados e suscitam também receios às pequenas e médias empresas que temem perder competitividade com as novas exigências ambientais", apontou.
Neste contexto, o primeiro-ministro reconheceu a importância de a UE "não se atrasar nas transições climática e digital".
"Mas a União Europeia não pode esquecer o outro lado da moeda destas transições". Daí, a necessidade de um forte Pilar Social para combater as desigualdades, para criar novos empregos, assegurar a requalificação e a proteção social nestes processos de transição. A recuperação com base na dupla transição climática e digital só será bem sucedida se nos tornar mais fortes e mais coesos enquanto sociedade", advogou António Costa.
Neste seu discurso, António Costa acentuou também que o plano de ação que partiu da Comissão Europeia "não é apenas uma resposta à atual conjuntura, mas é sobretudo um instrumento de futuro".
"O sucesso destas transições não se mede só na redução de dióxido de carbono ou na competitividade das empresas impulsionadas pelo digital. Mede-se também na capacidade de criar mais e melhores empregos", advogou.
Na primeira parte da sua intervenção, o primeiro-ministro referiu que o mundo vive "tempos de exceção" com a pandemia de covid-19, "que revelou a importância de um Estado social forte".
"Mas a covid-19 revelou também as múltiplas fragilidades que ainda subsistem nas nossas sociedades. O trabalho digno e com direitos não tem apenas a ver com a dignidade da pessoa humana, como repetidas vezes tem sublinhado o Papa Francisco. O trabalho digno e com direitos é também uma questão de resiliência e de sustentabilidade das nossas sociedades", observou, antes de tirar a seguinte conclusão:
"Uma sociedade precária não é uma sociedade resiliente. A recuperação não pode atender apenas à emergência presente e chegou o momento de combinar emergência com recuperação", acrescentou.
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