"O conhecimento desta forma de ver a saúde como uma saúde global, uma só saúde, é essencial para lutar contra esta pandemia que atravessamos e para daqui tirarmos lições para que possamos prever e mesmo lutar contra outras", afirmou hoje à agência Lusa Isabel Pires, da comissão científica do congresso.
O evento realiza-se entre os dias 1 e 2 de junho, em Vila Real, decorre no âmbito da presidência portuguesa da União Europeia (UE) e é subordinado ao tema "One Health: new insights and challenges of zoonotic diseases" (Uma só saúde: novos conhecimentos e desafios das doenças zoonóticas).
No congresso vão marcar presença a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, e o reitor da UTAD, Emídio Gomes.
Isabel Pires, também diretora do Departamento de Ciências Veterinárias da UTAD, acrescentou que "não há uma saúde animal, uma saúde ambiental e uma saúde humana, há sim uma só saúde e só visto neste contexto e vista a doença como um desequilíbrio nesta relação, é que se poder antecipar e lutar contra novas pandemias".
"Qualquer alteração na relação entre estas três componentes: animal não humano, animal homem e ambiente pode traduzir-se no aparecimento de doenças que podem transformar-se em epidemias, pandemias e ter as consequências que se está a assistir em direto", frisou.
Durante dois dias estarão em debate, segundo informou a UTAD, em comunicado, os "fatores que mudaram as interações entre pessoas, animais e meio ambiente, e que afetarão especificamente a investigação e controlo das doenças zoonóticas no futuro".
Para isso, acrescentou, serão "abordados cinco tópicos" a começar pelas "mudanças climáticas, infeções emergentes e ameaças à biodiversidade", depois a "sustentabilidade na produção animal - um desafio na perspetiva de uma só saúde, seguindo-se o "impacto das doenças zoonóticas epidémicas/pandémicas: questões-chave e lições a aprender".
Depois serão também debatidas as "doenças emergentes da vida selvagem: ameaças à saúde animal, humana e ambiental" e, por fim, os "sistemas integrados de vigilância de doenças zoonóticas (em medicina humana e medicina veterinária).
O congresso conta com a participação de 17 oradores internacionais dedicados aos temas da saúde animal, zoonoses e saúde humana.
Segundo a organização, "o maior desafio no futuro é responder ao aparecimento de zoonoses no século XXI".
"O que exige um maior reconhecimento da ligação entre a medicina humana e a medicina veterinária, bem como da eficácia de recursos limitados e finitos, tanto humanos como financeiros, mas, acima de tudo, a consciência de que a saúde humana e a saúde animal fazem parte de uma comunidade global e são indissociáveis", acrescentou ainda o comunicado da UTAD.
A conferência decorrerá em formato híbrido, ou seja, 'online' e presencial, com um máximo de 120 participantes na aula magna da academia transmontana.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.465.398 mortos no mundo, resultantes de mais de 166,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 17.018 pessoas dos 845.465 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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