"Era uma denúncia para um canídeo aparentemente mal nutrido". Foi assim que começou a triste história da 'Casa dos Horrores de Bucelas', onde cães foram deixados e abandonados - tendo apenas um conseguido sobreviver. Nas redes sociais, o Intervenção e Resgate Animal (IRA) revela como decorreu a ação neste cenário de dor e maus-tratos.
Começa por explicar o IRA, numa publicação colocada no Facebook este domingo, que o cão em más condições de saúde se via "da janela de vizinhos", mas que os donos "não estavam em casa desde dezembro". Mas a "situação de abandono" do que se pensava, inicialmente, ser 'apenas' um cão, depressa se tornou num cenário terrível.
"Esta situação de abandono leva à mobilização de dois elementos para averiguar o estado do animal e recolher mais informações", prosseguiu o IRA, mas, "vinte minutos, depois ficámos a conhecer a casa do Fábio Branco, aquela que seria conhecida em todo o país pela Casa dos Horrores de Bucelas".
"O cheiro, o amontoado de dejetos, a perceção do sofrimento diário de cada um daqueles, tudo nos começava a entrar, invadindo e atormentando o nosso corpo!", descreve a Intervenção e Resgate Animal.
Ao descobrir que se tratava de uma situação de maus-tratos a animais de companhia "com um cadáver no local", foi contactada a veterinária municipal de Loures: "Mal sabíamos que a procissão ainda estava no adro! O cheiro forte na sala, junto do cadáver, estranhamento era igualmente forte junto às escadas na outra ponta da casa".
"E, em menos de nada, começa a descoberta da verdadeira dimensão da tragédia. A cada porta que abríamos, o cheiro parecia queimar-nos as narinas e ardia-nos os olhos, mesmo com as máscaras. Ouviam-se vómitos, ouviam-se frases incrédulas, ouviam-se palavrões. 'Está aqui mais um'", relata o IRA acerca do que se viveu na 'Casa dos Horrores'.
O grupo, frisando o facto de uma cadela ter sobrevivido "apesar de todo o sofrimento e dor", levantou algumas questões sobre o caso: "Ninguém ouviu nada antes? Ninguém se apercebeu de algo? Só sentiram o cheiro agora?"
E deixou ainda um relato de dor e de impotência perante tal cenário. "Os corpos eram identificamos, recolhidos para dentro de sacos pretos e levados para a carrinha do canil. Nem as pulgas espalhadas pela nossa roupa nos afetavam, tal era a dormência no nosso raciocínio. A nós restava-nos observar as autoridades a fazerem o seu trabalho".
Quanto à sobrevivente, foi "recolhida para a carrinha do canil a fim de ser submetida à avaliação da veterinária municipal". Levámos-lhe uma taça com água, que bebia como se não houvesse amanhã. Esta foi uma bofetada psicológica bastante dura, fazendo-nos colocar em causa a nossa capacidade emocional para lidar com estas situações", termina a mensagem.
De lembrar que o proprietário da moradia em Bucelas, no município de Loures, onde foram encontrados os cadáveres dos cães, entregou-se na sexta-feira às autoridades, de acordo com o confirmado pelo Comando Geral da GNR ao Notícias ao Minuto.
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