"Comunica-se que em todo e qualquer espetáculo que, eventualmente, venha ainda a realizar-se, este executivo terá em consideração na escolha dos artistas o facto de os mesmos se terem ou não manifestado contra as nossas tradições". A mensagem foi assim publicada, sem apelo nem agravo, esta quarta-feira, nas redes sociais da Junta de Freguesia da Azambuja.

A publicação, a que poderia aceder através desta ligação, foi, entretanto, removida, depois de ter espoletado reações de crítica e incredulidade por configurar, potencialmente, uma censura a artistas que não alinhem com as visões do executivo camarário.

Esta declaração da autarquia surgiu dois dias depois de 240 personalidades terem assinado uma carta pelo fim da transmissão de touradas na RTP. O manifesto conta com nomes de diversas áreas da sociedade portuguesa, incluindo artistas.

A Azambuja, sublinhe-se, mantém viva a tradição das touradas, tendo, no final de maio, realizado "um fim de semana dedicado à tauromaquia e às tradições da Freguesia".

A deputada não inscrita Cristina Rodrigues reagiu com incredulidade, também através das redes sociais. "Queria fazer um comentário mas estou sem palavras", indicou, partilhando a publicação da autarquia.

Queria fazer um comentário mas estou sem palavras. pic.twitter.com/TU4kq2y0mw

— Cristina Rodrigues (@CristinaRodDep) June 3, 2021

O humorista Nuno Markl também reagiu, sublinhando que se trata de uma censura de opinião. "Não tinha nada marcado para lá, mas posso dizer desde já a todos os azambujenses que apreciem o meu trabalho que serão sempre bem vindos nos meus espetáculos, sejam eles onde forem", acrescentou.

A associação IRA (Intervenção e Resgate Animal) destacou que a Junta de Freguesia, "que é um organismo público, utilizou a sua página oficial no Facebook para comunicar uma espécie de ameaça de censura ou não licenciamento aos futuros espetáculos que tenham, como convidados, artistas cuja sua opinião pessoal seja contra as Touradas".

A presidente da junta de freguesia da Azambuja é Inês Louro, ex-líder das Mulheres Socialistas, que abandonou o Partido Socialista (PS) ao fim de 31 anos de militância para se candidatar à autarquia com o apoio do partido de extrema-direita Chega.

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