"Esquecemo-nos dos portugueses cujos percursos de vida não foram os desejáveis para eles e, portanto, em situações de pandemia, aqueles que estão no limiar da pobreza ou têm uma vida remediada rapidamente se encontram em situações de precariedade", disse Manuel Antunes da Cunha, presidente do Conselho Fiscal da Misericórdia de Paris.
O anúncio dos seis portugueses contabilizados entre as 535 pessoas mortas nas ruas francesas foi feito hoje por Manuel Antunes da Cunha durante as XI Jornadas Sociais da Santa Casa da Misericórdia de Paris, que se debruçaram sobre as dificuldades dos portugueses que vivem em França durante a pandemia.
A lista completa das pessoas sem casa que morrem nas ruas de toda a França é publicada anualmente pelo jornal La Croix, dando o primeiro nome da pessoa, quando conhecido, a idade, assim como a data e o local da morte. Um dos portugueses morreu em Marquixanes, na região dos Pirenéus, e os outros cinco em Paris.
Estas pessoas são sem-abrigo, que, por diversas razões, não divulgadas nem pelo jornal La Croix, nem pela Santa Casa da Misericórdia, acabaram a viver nas ruas gaulesas.
"Esta pandemia põe à vista as dificuldades de uma população que está na fronteira do limiar da pobreza. Há um conjunto de pessoas da nova migração para França que vieram em condições difíceis e não têm retaguarda familiar", disse ainda Manuel Antunes da Cunha.
Uma situação que sensibilizou o cônsul-geral de Portugal em Paris, Carlos Oliveira.
"Tocou-me saber que há alguns portugueses que nos deixam em condições lamentáveis e tristes", disse o diplomata.
O dirigente da Santa Casa da Misericórdia de Paris, estrutura que existe há 27 anos e presta, entre outros serviços, apoio social e administrativo, pediu ainda que, mais do que contribuições financeiras, a comunidade portuguesa em França dê o seu tempo para ajudar os que mais precisam.
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