O julgamento de Ricardo Salgado, no âmbito do processo da Operação Marquês, foi adiado para 6 de julho, avança, esta segunda-feira, a TVI.
O Tribunal Central de Criminal de Lisboa aceitou, assim, o pedido do Ministério Público.
O Ministério Público alegou necessitar de tempo para analisar toda a documentação (cerca de 173 documentos) e contestação (mais de 150 páginas) entregue pelos advogados do antigo presidente do BES.
Já a defesa, que também pediu o adiamento da sessão, argumentou que Salgado tem o direito de assistir presencialmente à produção de prova, ainda que seja permitida a sua ausência devido à idade avançada. O arguido alega não se poder deslocar a tribunal devido às regras relativas à Covid-19, relacionadas com a sua idade, 77 anos. O coletivo de juízes, presidido por Francisco Henriques, reiterou esta manhã que se Salgado quer testemunhar terá de se dirigir ao Campus de Justiça.
"A defesa de Ricardo Salgado já tinha advertido para o extensão quer da contestação quer dos próprios documentos e, no fundo, como a contestação deu entrada no tribunal na quarta-feira à tarde, o Ministério Público só foi notificado hoje e, por isso, constatou que terá de exercer o contraditório no prazo previsto para o efeito", esclareceu um dos advogados da defesa, em declarações aos jornalistas, à saída do Campus de Justiça, em Lisboa.
Quanto ao facto de a contestação só ter sido entregue na semana passada, o representante legal sublinhou que "a defesa limitou-se a aplicar a lei e a exercer os direitos que a lei prevê".
Esta é a segunda vez que o início do julgamento de Ricardo Salgado é adiado.
Ricardo Salgado irá responder por três crimes de abuso de confiança, devido a transferências de mais de 10 milhões de euros, no âmbito do processo Operação Marquês.
De acordo com a decisão instrutória da Operação Marquês, Ricardo Salgado vai a ser julgado por um crime de abuso de confiança, relativamente a transferência de quatro milhões de euros, com origem em conta da ES Enterprises na Suíça para conta do Credit Suisse, titulada pela sociedade em offshore Savoices, controlada por si, em 21 de outubro de 2011".
O ex-banqueiro terá também de responder em tribunal por um crime de abuso de confiança relacionado "com uma transferência de 2.750.000,00 euros com origem em conta da ES Enterprises na Suíça, de conta titulada pela sociedade Green Emerald na Suíça, controlada pelo arguido Helder Bataglia, para conta do Credit Suisse, titulada pela sociedade em 'offshore' Savoices, controlada por si".
O ex-presidente do Grupo Espírito Santos responde também por outro crime de abuso de confiança, "relativamente a transferência de 3.967.611,00 euros" com "origem em conta do banco Pictet titulada por Henrique Granadeiro e com destino a conta do banco Lombard Odier titulada pela sociedade em offshore Begolino" controlada pelo ex-presidente do BES.
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