"São as Sanjoaninas que se podem fazer, uma vez que ainda estamos com uma pandemia. Vamos tentar lembrar às pessoas o que são as Sanjoaninas, aos nossos residentes, bem como aos nossos emigrantes e àqueles que vivem fora da nossa terra", avançou, em declarações à Lusa, o vice-presidente do município de Angra do Heroísmo, que organiza as festas, José Gaspar Lima.
Consideradas como uma das maiores festas profanas do arquipélago, as Sanjoaninas atraem todos os anos milhares de pessoas a Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, numa celebração do São João que se estende por 10 dias, com cortejos, marchas populares, música, gastronomia, tauromaquia, desporto e exposições, entre outras atividades.
Este ano, as ruas não estão enfeitadas, não há tascas espalhadas pelo centro histórico da cidade, nem haverá fogueira para saltar na Rua de São João.
Os espetáculos musicais, as touradas e as apresentações de livros ocorrerão em recintos fechados, com entradas limitadas, devido à pandemia, estando ainda previstas algumas atividades desportivas e exposições.
Tudo o resto, terá de ser visto através de um ecrã de computador ou de televisão, incluindo o cortejo de abertura, que foi previamente gravado "no interior da ilha e junto ao mar".
Todos os dias há uma programação digital paralela e os próprios espetáculos musicais, de acesso gratuito, serão transmitidos na internet.
Segundo José Gaspar Lima, era preciso garantir que as Sanjoaninas não eram esquecidas, mas a organização já pensa em 2022.
"Avançamos assim porque entendemos que dois anos sem lembrar as Sanjoaninas não era bom para a marca das festas e para a organização. É no sentido de lembrar às pessoas que as Sanjoaninas estão vivas e, para o ano, se tudo correr bem e a pandemia estiver ultrapassada, então faremos umas grandes festas, onde as pessoas se possam encontrar, com festejos de rua e todos os espetáculos que se costuma fazer", afirmou.
O autarca alega que as pessoas compreenderam a decisão porque, antes de retomar as festas, é preciso garantir a saúde da população.
"Primeiro, vamos tratar das pessoas, vamos pôr a segurança das pessoas acima de tudo e então fazemos depois as festas", frisou.
Habitualmente, o município investia entre 600 e 700 mil euros na organização das festas, que eram um dos principais atrativos turísticos do concelho e traziam todos os anos milhares de emigrantes de regresso à ilha Terceira.
Este ano, "o investimento da câmara ronda entre os 200 a 250 mil euros" e dará, sobretudo, um contributo aos músicos e empresários locais.
"É uma altura para colaborarmos com os nossos artistas, tentando ajudar e injetando algum dinheiro na economia, para melhorarmos a situação desses grupos que já há muito tempo não tocam e precisam de facto de espetáculos", salientou José Gaspar Lima.
O programa das Sanjoaninas estende-se até 27 de junho, com perto de duas dezenas de espetáculos musicais e três espetáculos tauromáquicos.