Os dois maiores sindicatos que representam professores e funcionários das escolas -- Fenprof e FNE -- defendem que cabe à comunidade científica e às autoridades de saúde definir as melhores soluções que evitem o regresso ao ensino a distância no próximo ano letivo.
A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) defende que os estudos conhecidos recentemente já permitem defender a realização de testes serológicos a docentes e restantes funcionários para confirmar, ou não, a redução da imunidade de quem foi vacinado.
"A Fenprof desde cedo que tem defendido a testagem e vacinação dos professores para garantir a continuidade do ensino presencial e se agora temos estudos que indicam que há uma redução da imunidade, a Fenprof só pode acompanhar a opinião dos cientistas", disse João Louceiro em declarações à Lusa.
O sindicalista referia-se ao estudo realizado a profissionais de saúde por cientistas dos serviços de Patologia Clínica e de Saúde Ocupacional do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra que revelou que três meses após a segunda dose de vacina os anticorpos começam a baixar.
Além dos profissionais de saúde, também cerca de 280 mil professores e funcionários das escolas foram considerados um grupo prioritário na vacinação contra a covid-19, tendo começado a ser vacinados no final de março, ou seja, há mais de quatro meses.
"As decisões cabem às autoridades de saúde e à comunidade científica, mas têm de ser céleres. Há já um indicador para o qual a Direção-Geral da Saúde (DGS) tem de estar atenta", defendeu João Louceiro.
A Federação Nacional de Educação (FNE) também pediu urgência à DGS.
"Apelamos às autoridades de saúde para que analisem a situação atual, realizem estudos consistentes e adotem procedimentos atempados que possam garantir ao máximo que o ensino presencial é mantido ao longo de todo o ano letivo com segurança para todos", defendeu o secretário-geral da FNE em declarações à Lusa.
Para João Dias da Silva, aos professores e profissionais de educação só podem ser pedidas opiniões de base pedagógica: "Sabemos apenas que o ano letivo tem de ser presencial e com segurança para todos".
"Se devem ser feitos testes serológicos, se se deve avançar pela toma de uma nova dose de vacina não somos nós que o vamos dizer, porque não temos base científica para o fazer. Sabemos apenas que é preciso tomar decisões atempadamente", acrescentou em declarações à Lusa.
"Ao longo deste processo tem havido falhas das autoridades de saúde e a necessidade de correções, mas também esta é uma situação nova e inesperada e estamos perante um problema que não é ainda suficientemente conhecido. Agora, não podemos começar todos a palpitar, num cata-ventos de opiniões, isso seria o mais disparatado que pode haver", disse João Dias da Silva.
Também em declarações à Lusa, os diretores escolares pediram às autoridades de saúde medidas céleres que garantam um ano letivo com aulas presenciais.
A pouco mais de um mês do arranque de um novo ano letivo, os diretores sublinham que não são cientistas, mas sabem que é preciso "fazer tudo para que as escolas não voltem a fechar".
Este fim de semana, também o presidente da República defendeu a realização de testes serológicos à comunidade educativa.
A Lusa questionou o Ministério da Educação e aguarda informação sobre se está a ser equacionado avançar com os testes serológicos ou mais uma dose de vacina.
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