Luís Marques Mendes defendeu, este domingo, no seu habitual espaço de opinião da SIC, que é "um disparate enorme" avançar para a vacinação generalizada da população com uma terceira dose da vacina contra a Covid-19.
"Digo isto, em primeiro lugar, porque há, no mundo ocidental, um grande egoísmo. Para ter uma terceira dose na União Europeia, são milhões de doses que têm de ser compradas e administradas. São, portanto, milhões de doses que vão faltar aos países mais pobres", afirmou.
Para o comentador, "devíamos estar a ser solidários e não estamos", o que é "um disparate enorme" porque, sem que o mundo inteiro esteja vacinado "a pandemia não acaba e surgem novas variantes".
Marques Mendes sublinha que, em Portugal, para já, a 3.ª dose só está aprovada para a pessoas com doenças que causam imunossupressão, mas acredita que isso vá mudar em breve. "Não há decisão nenhuma. Mas a minha intuição é que, mais dia menos dia, vai haver", referiu. "Mas não tenho a certeza que seja uma boa ideia."
Para o conselheiro de Estado, há ainda "outra questão, que é o negócio", referindo-se ao "lobby das farmacêuticas", que está a funcionar em países como os Estados Unidos, a França e a Alemanha. Até a União Europeia "comprou mais milhões de vacinas sem ter a certeza que a terceira dose é necessária", recordou.
Ainda assim, Marques Mendes sublinha: "Não há ainda nenhum estudo científico a provar que seja preciso uma terceira dose".
Sobre o fim da obrigatoriedade do uso de máscara na rua, a partir desta segunda-feira, o social-democrata defende que isso "não significa que não possa ou não deva ser usada", recomendando que as pessoas tragam "sempre a máscara no bolso".
"Sempre que há aglomerados de pessoas, pequenos ou grandes", indicou, recordando que "mais mês, menos mês, estamos no Inverno. E nós aprendemos que a máscara também pode ajudar a mitigar a gripe".
Leia Também: Terceira dose torna "ainda mais difícil" a África atingir imunização