Em declarações aos jornalistas em Nelas (distrito de Viseu) à margem de uma iniciativa da campanha autárquica, Francisco Rodrigues dos Santos afirmou que "há uma questão ética e moral que deve haver na política, que é em altura de eleições alguém que ocupa a função de primeiro-ministro não deve exacerbar as suas funções e confundi-las com as de secretário-geral do PS".
"Isto é uma questão ética que eu não faria se fosse primeiro-ministro. Se as pessoas duvidarem elejam-me primeiro-ministro e verão que eu certamente não cometerei este erro e esta deslealdade perante os eleitores", indicou, quando questionado se um Governo de direita não usaria também a bandeira do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) caso estivesse em funções.
Na sexta-feira, o secretário-geral do PS acusou a oposição de "absoluta impreparação" por não saber o que é o PRR, nem a "missão patriótica" que consiste em pô-lo "em marcha para o bem de Portugal".
"[O PRR] não é promessa, é um compromisso que já está contratualizado. E não, não é chantagem, porque a obra faz-se ganhe quem ganhar as eleições. Mas não é indiferente [quem ganha] porque o que está aqui verdadeiramente em causa, é percebermos o grau de absoluta impreparação da oposição, que não percebe sequer o que é o PRR e aquilo que é a missão patriótica que hoje todos temos de o pôr em marcha, para bem de Portugal, para bem dos portugueses e para bem da posteridade das próximas gerações", salientou António Costa.
Apontando que "António Costa tem utilizado o PRR como uma bandeira eleitoralista para conseguir conquistar votos para o PS", o presidente do CDS considerou que "parece que vale tudo para ganhar eleições".
Costa "pode enganar alguns durante todo o tempo, pode enganar todos durante algum tempo, mas não consegue enganar todos durante todo o tempo e o PRR é uma manta que é curta e por opção errática deste Governo vai ser atirado para cima da máquina do Estado", criticou.
Francisco Rodrigues dos Santos acusou também o Governo de ter optado por "transformar este PRR no plano para a recuperação da reeleição do PS daqui a dois anos, quando houver legislativas".
O líder centrista vincou igualmente que "a direita sabe muito bem aquilo que não é o PRR, e o PRR não é uma oportunidade para o desenvolvimento estrutural do país porque o Governo socialista preferiu tomar uma opção preferencial em atirar a fatia de leão dos fundos comunitários para cima da máquina do Estado".
"Nós tínhamos uma chance de poder relançar a economia do nosso país, apostando nas empresas e nas famílias, e António Costa preferiu dizer que a ideologia vale mais do que a economia e investir mais de 60% destes fundos para cima da máquina do Estado, porque é lá que vivem os familiares, os amigos e as clientelas do Partido Socialista", lamentou.
Na sua ótica, existem dois problemas: um ético que passa por "utilizar uma campanha eleitoral em que o primeiro-ministro incumbente usa as promessas que não vai poder cumprir ao abrigo do PRR" e outro de critério, criticando que "a metodologia que obedeceu à repartição de verbas deste PRR, na repartição entre Estado, economia e famílias foi profundamente errada".
O Governo "dá um tiro de bazuca no pé dos portugueses e compromete o relançamento da economia não investindo nas famílias e nas empresas", especificou.
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