COP26: Presidente da Zero elogia "passos importantes" mas nota falhas
O presidente da organização ambientalista Zero afirmou hoje que já foram dados "passos importantes" na 26.ª conferência do clima das Nações Unidas (COP26), a decorrer em Glasgow, para limitar o aquecimento global, mas existem falhas e inconsistências.
© Global Imagens
País Ambiente
Recém-chegando à cidade, onde vai participar como observador nas negociações, Francisco Ferreira disse que "os anúncios estão realmente fazer descer o aumento da temperatura, que estava em 2,7 graus, e que agora, contas com alguma precaução, perto dos 2 graus Celsius. Isto se forem cumpridos", afirmou nos jornalistas.
Porém, nas "iniciativas positivas" apresentadas esta semana em Glasgow, notou, "muitas delas têm falhas".
No acordo para a redução das emissões de metano, por exemplo, o segundo gás com efeito de estufa na atmosfera a contribuir para o aquecimento global, lamentou que "há países que estão de fora, países chaves" como a Rússia, China e Índia.
No compromisso anunciado para parar a desflorestação, lembrou, a meta para 2030 é a mesma de um acordo anterior datado de 2014, o qual não cumpriu o objetivo estipulado para 2020.
Porém, elogia o facto de o objetivo ter sido "reafirmado e com financiamento".
Relativamente ao fim faseado do carvão para produção de energia, observou que "há países com uma leitura diferente entre o que lá está escrito e aquilo que eles querem efetivamente cumprir", numa referência a países como a Polónia e a Coreia do Sul.
Com uma semana pela frente em negociações, o dirigente da Zero diz que "é possível ainda reduzir as emissões ao longo da próxima semana".
Falando à margem de uma grande manifestação em Glasgow dedicada ao Dia Mundial de Ação pela justiça climática, Francisco Ferreira lembrou que "quem está aqui acima de tudo em causa é a humanidade que não tem recursos para lidar com as consequências das alterações climáticas" e manifestou esperança que "os líderes oiçam em todo o mundo e possam realmente mudar a sua opinião ao longo dos próximos dias".
O ativista admitiu que a probabilidade de se chegar ao fim da COP26 com compromissos que permitam limitar o aquecimento o aquecimento global em 1,5 graus Celsius no final do século, como está no Acordo de Paris, "é mínima".
"A esperança é realmente por agora muito diminuta em estarmos no caminho de um grau e meio, porque não são apenas os acordos, são os acordos, as metas e depois cumpri-las", enfatizou.
Decisores políticos e milhares de especialistas e ativistas reúnem-se até 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, na COP26 para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030 e aumentar o financiamento para ajudar países afetados a enfrentar a crise climática.
A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.
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