O vice-almirante Gouveia e Melo deu este sábado uma entrevista a Daniel Oliveira, no programa da SIC 'Alta Definição', onde assumiu "medo" do negacionismo nesta pandemia e admitiu ter ficado "afetado" quando foi chamado de assassino e genocida durante o desempenho da sua missão.
O homem que ajudou Portugal a vacinar mais de 90% da população explicou que o negacionismo o assusta devido ao "obscurantismo que está por trás".
"Como é que nós, em pleno século XXI conseguimos acreditar em coisas tão ‘exóticas’ como por exemplo que a terra é plana ou que alguém nos vai injetar um chip da Microsoft quando está a dar uma injeção", questionou.
"Esse tipo de informação e crenças mete-me receio porque esse tipo de crenças pode ser manipulado para coisas muito piores, para extremismos religiosos, extremismos políticos", sublinhou o vice-almirante afirmando que este tipo de (des)informação pode levar a incendiar uma sociedade.
Gouveia e Melo recorda também o dia em que ouviu um grupo de negacionistas a chamarem-lhe de "assassino".
"Fico afetado quando me chamam assassino e genocida; esse tipo de coisas mexe comigo. Eu tenho origens judaicas, como muitos portugueses, e quando falam em genocídio… não são palavras que se possam usar de forma simples. As pessoas hoje têm uma violência a verbalizar nas formas mais inacreditáveis", aponta. Para o militar, "as pessoas não têm ideia do significado [histórico] do que estão a dizer” e isso reflete-se nas palavras que pronunciam e nos gestos que fazem.
Gouveia e Melo explica ainda porque sempre surgiu vestido com o uniforme militar enquanto exerceu funções de coordenador da 'task-force'. "Queria passar a ideia de que este era um vírus perigosíssimo e por isso estávamos em guerra", explicou.
O antigo coordenador da 'task-force' revelou ainda que gostava de ser lembrado como "uma pessoa que fez uma coisa em conjunto com outros" e, no futuro, gostava que dissessem que "houve um país que se vacinou a ele próprio e nesse país estava um almirante que ajudou nesse processo".
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