A família de um português com cancro terminal retido na Colômbia está desesperada. Há meses que tentam trazer Pedro Coelho para casa mas, até agora, as autoridades colombianas não deram os documentos necessários para que isso aconteça e a ajuda do Estado português tarda em chegar.

Pedro Coelho foi diagnosticado com um melanoma maligno evasivo tipo IV em julho. Contudo, por estar a cumprir pena de prisão por corrupção, foi-lhe dito que só seria autorizado a sair do país em setembro. Isso levou a que os médicos decidissem que o português apenas fosse operado quando estivesse de volta a Portugal já que, segundo garante a família na página de Facebook de apoio a Pedro, “o pós-operatório pode ser bastante complicado e não lhe seria possível viajar”.

Chegou o último dia da pena, 28 de setembro, e, ao contrário do que tinham prometido, o ex-diretor de operações da Jerónimo Martins não foi autorizado a voltar a Portugal.

Até ao momento, quase três meses depois de ter terminado de cumprir a sentença, Pedro continua sem acesso aos documentos necessários para regressa a casa.

A família revela que o português está “impedido de abandonar a Colômbia” e, devido a todo este atraso, a cirurgia não foi feita a tempo. “Já não é viável. Quimioterapia e radioterapia também já não são opções. Neste momento, o cancro já se espalhou e criou metástases ao nível dos pulmões, fígado e ossos o que não é, de forma alguma, um bom sinal, dado que isto é uma progressão extremamente rápida e agressiva em apenas 4/5 meses”, lê-se numa das publicações dos familiares nas redes sociais, que acrescenta que o único tratamento aconselhável é imunoterapia que custa, a cada ciclo de três semanas, cerca de 5 mil euros.

Entretanto, neste vai não vem, Pedro sofre de dores inexplicáveis, como é possível ver num vídeo partilhado pelos familiares nas redes sociais. As contas do hospital somam-se aos milhares. Filhos e família tentam assegurar que o português tenha os melhores cuidados, mas por não ter acesso aos cuidados públicos de saúde colombianos, pagam uma fortuna por cada internamento.

O vídeo em questão, que pode ver aqui, foi enviado ao tribunal de Bogotá para demonstrar a urgência em transferir Pedro, a quem só foi dado mais três meses de vida, para Portugal. O que foi transmitido à família, segundo a CNN Portugal, é que este não está suficientemente doente.

Já o Ministério dos Negócios Estrangeiros garante que está a acompanhar o caso, mas não adianta mais pormenores à família, o que só aumenta a revolta. Nas redes sociais, a família partilhou mesmo uma publicação onde se lê: "Abandonado para morrer".

Perante esta inação do Governo português e das autoridades colombianas, a família criou não só uma página de Facebook para ajudar o Pedro a regressar a casa, como está a arrecadar fundos para ajudar nos tratamentos do mesmo. Até ao momento, já conseguiram angariar cerca de 10 mil euros dos 50 mil necessários.

Leia Também: Vereador português de Paris demite-se após conflito interesses