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Hospitais assistiram doentes cardíacos em "péssimas" condições

O coordenador do Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares, Filipe Macedo, disse hoje que, devido ao medo da pandemia, os doentes chegaram em condições "péssimas" aos hospitais, com situações que não se viam "há muitos anos".

Hospitais assistiram doentes cardíacos em "péssimas" condições
Notícias ao Minuto

18:23 - 11/02/22 por Lusa

País Covid-19

Em declarações à agência Lusa, à margem do Fórum Equidade e Acessibilidade na era Covid-19, promovido pela Sociedade Portuguesa de Cardiologia, o coordenador do programa da Direção-Geral da Saúde (DGS) recordou os impactos da pandemia nos doentes cardíacos.

"No início da pandemia, estamos a falar de 2020, tudo isto era desconhecido, os profissionais de saúde, os doentes estavam com muito medo de tudo o que poderia acontecer e houve claramente uma diminuição drástica de doentes que chegavam aos nossos hospitais relativamente à doença cérebro-cardiovascular", contou.

Na altura, só se ouvia falar da pandemia de covid-19 e os doentes "tinham medo e ficavam em casa", o que gerou "uma situação crítica".

"Os doentes com situações agudas passaram a chegar ao hospital muito mais tarde", disse, observando que os doentes com síndrome coronariana aguda devem ser tratados nas primeiras horas, mas o que aconteceu foi que muitos chegaram "dois, três ou quatro dias depois em situações péssimas".

"No nosso Hospital São João [no Porto], que no fundo é a realidade nacional, voltámos a ter roturas cardíacas, disfunções graves do ventrículo esquerdo, choque cardiogénico [quando o coração perde capacidade para bombear sangue em quantidade suficiente], múltiplas complicações mecânicas que já não víamos há muitos anos pela circunstância de que os doentes chegavam muito tarde e não se fazia a desobstrução mecânica da síndrome coronária aguda", adiantou.

Em 2021, a situação alterou-se: "Com um trabalho enorme feito quer pela DGS, quer pelas administrações hospitalares, conseguimos que a população tivesse confiança e tivesse a noção clara que havia sempre circuitos distintos, circuitos covid e circuitos não coloridos".

Filipe Macedo destacou também a "ajuda muito importante" do programa de vacinação contra a covid-19: "À medida que as pessoas foram vacinadas tiveram mais confiança e deixámos de assistir a situações críticas e agudas".

Toda esta situação refletiu-se nos números obtidos a nível do desempenho, nomeadamente nas consultas, nos meios complementares de diagnóstico e cirurgias. "Foi um número que excedeu todas as expectativas e, portanto, a nossa opinião é que estamos claramente no bom caminho", declarou.

O especialista espera que, com a chegada do verão, se possa dizer que a pandemia vai desaparecer, ou ficar uma situação crónica, para voltar aos "números normais" relativamente às doenças cérebro-cardiovasculares.

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