Em declarações à agência Lusa, o diretor do Programa Gulbenkian Desenvolvimento Sustentável, que lançou e acompanhou o Gulbenkian Cuida, admitiu que o programa "superou bastante as expectativas iniciais".
"Desenvolvemo-lo num tempo recorde, no âmbito do Fundo de Emergência que a Fundação desenvolveu de ataque à crise pandémica, com foco específico nas pessoas mais velhas, sabendo que de um momento para o outro se viram confinadas nas suas casas, quando muitas das respostas se estavam a fechar, nomeadamente centros de dia, e em que era importante reforçar o apoio domiciliário a pessoas mais velhas", disse Luís Jerónimo.
Nas palavras do responsável, as expectativas foram superadas desde logo pelo alcance que o programa conseguiu ter, financiando com 1,5 milhões de euros 70 projetos espalhados de norte a sul do país, tanto em centros urbanos, como em meios rurais, apoiando cerca de 9 mil idosos.
"Permitiu ir para lá daquilo que são as atividades fundamentais e tradicionais do apoio domiciliário, que têm que ver com a higiene e a alimentação destas pessoas, e permitiu desenvolver respostas ao nível do apoio psicológico, monitorização de questões de saúde, atividades de estimulação cognitiva ou a utilização das tecnologias para facilitar a comunicação com os familiares", destacou.
Sublinhou, por outro lado, que graças ao programa foi também possível dotar as instituições de melhores condições para desenvolver essas mesmas respostas, fosse através de equipamentos adquiridos ou do reforço das equipas de pessoal, sublinhando que muitas dessas novas respostas estão agora amplamente integradas no trabalho das instituições, mesmo com o fim do programa Gulbenkian Cuida.
Luís Jerónimo descreve o programa como uma "iniciativa excecional para um período excecional", em que Gulbenkian tentou estar onde era preciso, reforçando o apoio domiciliário e ajudando a combater o isolamento e a solidão das pessoas mais velhas.
Com o programa agora a terminar, o responsável espera que este problema não seja esquecido e remetido "para a sombra nas prioridades de intervenção" e que continue a ser uma aposta por parte das instituições, deixando a garantia de que continuará a ser uma prioridade para a Fundação Calouste Gulbenkian.
Recordou que o programa foi criado no início da pandemia, em 2020, através da seleção de 70 projetos entre 1.004 candidaturas, tendo sido reforçado o apoio em 2021 a 30 desses projetos.
Apesar do fim, Luís Jerónimo destacou que muitos dos projetos apoiados terão continuidade porque passarão a fazer parte do trabalho das instituições, independentemente do financiamento da Gulbenkian, e garantiu que a Fundação continuará a trabalhar nesta agenda.
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