João Ferreira, defendeu, esta sexta-feira, que a posição do PCP em relação à guerra na Ucrânia tem sofrido bastante "manipulação" e deixa a nota de que o partido acredita que esta é uma guerra que nunca devia ter acontecido e que deve acabar "o mais rápido possível".
Para o dirigente comunista, em entrevista à SIC Notícias, para "perceber a guerra é preciso saber como cá chegámos" e este último passo - a invasão - "insere-se num conjunto de outros [passos] que representam uma escalada".
Ferreira diz que "houve um conjunto de forças: o Batalhão Azov, o Setor Direito (Pravyy sektor), o Svoboda - qualquer uma delas de cariz paramilitar, assumidamente fascista e nazi, defendendo a reabilitação de colaboracionistas nazis como Bandera”, a incorporar as tropas ucranianas.
“Isto não é propaganda russa, encontram todas estas referências ao longo destes últimos anos, em órgãos de comunicação social ocidentais. Tem sido dito que os neonazis foram a eleições e que têm expressão mínima, mas a expressão e o peso que têm ao longo dos últimos anos não pode ser medido por aí”, reitera.
E continua. “Foram inseridos no exército ucraniano e estiveram ao longo destes últimos anos a bombardear as populações do Donbass. Todo um contexto que não deve ser desvalorizado. Tivemos uma situação de ilegalização de forças políticas”.
Referindo-se ainda ao conflito no Donbass, que "acontece há 8 anos", diz que os acordos de Minsk não foram respeitados e que esta é também uma situação que ajudou à escalada.
Para pôr fim a "esta situação"- referindo-se à guerra -, João Ferreira sugere o "regresso aos acordos de Minsk, a desmobilização dos meios da NATO que foram colocados na fronteira da Rússia, o cessar-fogo imediato com o fim de todas as hostilidades", com a saída das forças russas, acrescenta.
Para Ferreira, estes são passos concretos para quem quer a paz, mas diz: "a União Europeia não parece querer nada disto", reiterando discordar do envio de armamento à Ucrânia.
O ex-eurodeputado diz acreditar que há caminho para as negociações, acrescentando que é possível condenar a invasão por Putin e, ao mesmo tempo, todas as situações que descreveu.
“É possível constatar isto tudo como factos demonstrados, não os apagar, inseri-los no contexto que nos ajuda a explicar esta situação e ao mesmo tempo reconhecer na ação da Rússia uma violação do direito internacional que é condenável e não devia ter acontecido, como é condenável todo o processo“, rematou.
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