Guerra acaba quando Biden "pegar no telefone e a resolver"

O general Agostinho Dias da Costa defendeu que o conflito entre a Ucrânia e Rússia termina quando o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, "pegar no telefone e a resolver", sustentando que a resolução da guerra passa pelos EUA.

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© Drew Angerer/Getty Images

Lusa
23/03/2022 13:31 ‧ 23/03/2022 por Lusa

País

Rússia/Ucrânia

 

"Estamos também convictos de uma coisa: esta guerra acaba quando Joe Biden pegar no telefone e a resolver. A resolução desta guerra passa pelos EUA e isto não pode ser visto como uma questão pontual, tem que ser vista numa questão de arquitetura de segurança europeia", considerou o vice-presidente da direção da EuroDefense Portugal.

Em entrevista à agência Lusa, o major-general Agostinho Costa foi questionado sobre a presença de Joe Biden esta semana em Bruxelas para participar, dia 24, na reunião dos chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE) e na cimeira extraordinária da NATO, devido à guerra ucraniana.

"Temos que perceber o que é que traz Biden à Europa, não creio que seja apenas para dar um conforto psicológico, até porque a questão ucraniana é uma peça apenas deste xadrez. Este xadrez é muito mais importante, o que está neste momento em causa é a hegemonia mundial entre a China e os EUA", disse.

Na opinião do general, a estratégia de segurança nacional americana "está bem definida" sendo "direcionada para o seu grande rival em termos de disputa pela hegemonia global que é a China" e tendo também "um rival estratégico revisionista que é a Rússia, que neste momento procura neste tabuleiro de xadrez marcar a sua posição naquilo que é a nova arquitetura de segurança global".

O general referiu que os Estados Unidos têm tradicionalmente "três grandes teatros: o teatro europeu, o do Médio Oriente e o do Indo-Pacífico", acrescentando que "em termos de importância relativa, é nestes três teatros que se defronta, em que se faz a fricção entre o mundo ocidental e aqueles que disputam a hegemonia".

"A estratégia de defesa nacional americana tradicionalmente definia como nível de ambição ser capaz de defrontar dois adversários estratégicos em dois teatros e conduzir, portanto, duas operações de alta intensidade ao mesmo tempo e uma operação de baixa intensidade. Era este o nível de ambição a que estávamos habituados antes do período da guerra global contra o terrorismo", disse.

Neste momento, continuou, "os americanos já assumem que têm capacidade apenas para um teatro, uma operação de grande intensidade".

"Já percebemos qual é a prioridade não é? Já percebemos qual é o fusível, o fusível que pode fazer saltar a 'luz' chama-se Taiwan", acrescentou.

O general Agostinho Costa apontou ainda que atualmente os EUA estão num "período de regeneração" depois de "20 anos de guerra contra o terrorismo que lhes degradou a sua capacidade operacional em termos de operações de alta intensidade" e que, apesar de continuarem a ser a maior potência global, "em relação ao conjunto de compromissos de segurança que fizeram globalmente estão numa situação que se pode dizer de insolvência estratégica".

"E é essa insolvência estratégica que os americanos estão a procurar resolver no sentido de se prepararem para um conflito no Indo-pacífico, para continuarem a ser a potência hegemónica, e para poderem retomar a sua liderança inequívoca que é verdadeiramente uma liderança nos planos militares, não tenhamos dúvidas, mas não é o que foi", disse.

Numa leitura pessoal, o general considerou que os americanos estão a fazer uma "retração do Médio Oriente", Biden está a aproximar-se do Irão e a trazer "de novo a NATO para a Europa".

"Muito provavelmente vamos ter a Europa num atrito permanente com a Rússia nos próximos anos e o senhor Biden de vez em quando vai tomar chá com Putin como foi o ano passado em março quando lhe chamou assassino e tomou chá a seguir, agora chamou-lhe criminoso de guerra, vamos ver quanto tempo é que demorará (...). Para que efetivamente os Estados Unidos se possam dirigir com a 'global Britain' e com os assertivos australianos direcionados contra a China", acrescentou.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 953 mortos e 1.557 feridos entre a população civil, incluindo mais de 180 crianças, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,53 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.

Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

Leia Também: UE tem de decidir "de uma vez por todas" se quer ou não exército europeu

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