"Alguém a pontapear um ser caído no chão é um selvagem, um covarde"

Num forte discurso ao Corpo de Fuzileiros, Gouveia e Melo apontou: "Não quero arruaceiros na Marinha".

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© Rita Franca/NurPhoto via Getty Images

Notícias ao Minuto
25/03/2022 09:53 ‧ 25/03/2022 por Notícias ao Minuto

País

Gouveia e Melo

O almirante Gouveia e Melo fez um duro discurso ao Corpo de Fuzileiros, no Alfeite, no dia do funeral do agente Fábio Guerra que, na passada segunda-feira, foi violentamente agredido à porta de uma discoteca de Lisboa. O chefe do Estado-Maior da Armada, dirigindo-se aos militares, foi taxativo: "Quando vejo alguém a pontapear um ser caído no chão, vejo um inimigo de todos nós, dos seres decentes, vejo um selvagem, vejo o ódio materializado e cego, vejo acima de tudo um verdadeiro covarde".

Na mesma mensagem, noticiada pelo Diário de Notícias e o Expresso, o ex-coordenador da task force para a vacinação contra a Covid-19 considerou que os acontecimentos que culminaram na morte de Fábio, da Polícia de Segurança Pública (PSP), "já mancharam as nossas fardas independentemente do que vier a ser apurado."

"O ataque selvático, desproporcional e despropositado não pode ter desculpas e justificações nos nossos valores, pois fere o nosso juramento de defender a nossa pátria. O agente Fábio Guerra era a nossa pátria, a PSP e as Forças de Segurança são a nossa pátria e nela todos os nossos cidadãos", sublinhou Gouveia e Melo. 

E acrescentou: "Ver fuzileiros envolvidos em desacatos e em rixas de rua, não demonstra qualquer tipo de coragem militar, mas sim fraqueza, falta de autodomínio, e uma necessidade de afirmação fútil e sem sentido".

O chefe do Estado-Maior da Armada comunicou ainda que telefonou à família de Fábio Guerra para prestar condolências, assumindo-se "profundamente triste". "Não sabia o que dizer, não sabia como justificar, como explicar, só uma profunda tristeza e um nó na garganta que me sufocava as palavras", disse ao Corpo de Fuzileiros. 

A mensagem terminou de forma ainda mais incisiva. "Não quero arruaceiros na Marinha; não quero bravatas fúteis, mas verdadeira coragem, física e moral; não quero militares sem valores, sem verdadeira dedicação à Pátria", concluiu.

O que aconteceu?

Recorde-se que o jovem agente da PSP, junto com outros três polícias fora de serviço, decidiram intervir numa rixa e que teve início dentro de um espaço de diversão noturna e depois continuou no exterior do local.

Dois dos suspeitos Fábio Guerra foram prontamente identificados pela Polícia Judiciária como sendo dois fuzileiros da Marinha Portuguesa - tendo sido detidos pela mesma entidade na segunda-feira e ficado em prisão preventiva.  Já polícia espanhola lançou ontem um alerta de que um terceiro suspeito - Clóvis Abreu - poderá estar no país.

Dos quatro polícias agredidos, três deles acabariam por ter alta hospitalar logo no sábado. O caso afigurava-se, no entanto, bem mais complicado para Fábio Guerra, de 26 anos, que tinha sido vítima de "graves lesões cerebrais" e acabou por morrer na segunda-feira.

Leia Também: PSP homenageia o agente Fábio Guerra em cerimónias fúnebres

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