O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal esclareceu, esta quarta-feira, que os funcionários da Embaixada russa expulsos do país são cidadãos que "estavam a trabalhar de uma forma que punha em causa interesses de segurança nacional" e que já estavam identificados, pelo que aquela foi "a decisão adequada".
João Gomes Cravinho, que falava à chegada ao quartel-general da NATO, em Bruxelas, para uma reunião de dois dias dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Aliança, explicou aos jornalistas que os dez funcionários russos declarados 'persona non grata' tinham "acreditação diplomática junto da missão russa em Lisboa".
"São funcionários que estavam a trabalhar de uma forma que punha em causa interesses de segurança nacional", indicou. Questionado sobre se os funcionários em causa eram espiões, o ministro afirmou apenas: "Estavam a desenvolver atividades contrárias à segurança nacional e portanto também eram contrárias ao seu estatuto diplomático. Estavam identificadas e decidimos que este era o momento certo para dizer que tinham de sair do país."
De acordo com uma contagem feita pela agência de notícias francesa AFP, o número de diplomatas russos expulsos de vários países da União Europeia desde a invasão da Ucrânia ascende a pelo menos 260.
À chegada para aquela reunião, onde será debatida a guerra na Ucrânia, o ministro dos Negócios Estrangeiros sublinhou ainda que Portugal já enviou cerca de 60 a 70 toneladas de material de guerra para a Ucrânia e "irá enviar mais num futuro próximo". Gomes Cravinho acrescentou apenas tratar-se tanto de "material defensivo" como "ofensivo", incluindo armas e munições.
Questionado sobre a possibilidade do agravamento das sanções à Rússia, João Gomes Cravinho admitiu que o assunto estará em cima da mesa neste encontro. "Infelizmente a tendência é para se acentuarem as sanções, isto resulta diretamente da posição da Rússia. A Rússia continua a agredir, continua a cometer atrocidades, infelizmente, e portanto a tendência é para se aumentarem as sanções e não para se atenuarem", afirmou.
Suécia e Finlândia na NATO? "Nunca seremos um obstáculo"
Depois de o secretário-geral da NATO ter dito hoje acreditar que, caso Suécia e Finlândia decidam candidatar-se à Aliança Atlântica, o processo de adesão pode ser "bastante rápido", o representante da diplomacia portuguesa garantiu que Portugal não será "um obstáculo".
"Portugal tem uma relação muito próxima, muito amistosa com a Finlândia e com a Suécia, são ambos estados-membros da União Europeia", começou por dizer. "Há um debate interno sobre essa questão e Portugal não quer de forma nenhuma interferir naquilo que é o debate interno, mas a proximidade que nós temos com esses países é o suficiente para indicar que nós nunca seremos um obstáculo àquilo que eles decidirem quanto à sua própria segurança."
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