Desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, as escolas portuguesas já receberam 2.115 alunos, de entre os milhões que fugiram do país no último mês.
O plano seria a integração progressiva no currículo português, a começar com as aulas de Português Língua Não Materna, mas as orientações mais recentes que a Direção-Geral da Educação (DGE) enviou às escolas preveem uma outra opção: que os alunos possam também continuar a frequentar o sistema ucraniano.
Para alguns alunos, a escola de origem, agora a milhares de quilómetros de distância, conseguiu manter o ensino 'online' e passou a estar à distância de um clique, mas a nova sala de aula é na escola portuguesa, que assegura os meios necessários.
No entanto, há também alunos que querem continuar a aprender em ucraniano, mas não têm a opção das aulas 'online' da escola antiga. Nesses casos, podem recorrer ao ensino remoto de emergência na Ucrânia, através da plataforma Escola Online Nacional, com aulas em todas as disciplinas e todos os níveis de ensino.
Em qualquer dos casos a disciplina Português Língua Não Materna é sempre obrigatória, por isso a DGE sugere que os estabelecimentos de ensino definam o período de permanência na escola em articulação com o horário das aulas 'online' e tendo em conta a idade, o nível de ensino, as aulas de português e outras medidas de integração.
"O ensino à distância também é recomendado para crianças com necessidades educativas específicas e, nestes casos, os professores e pais/encarregados de educação podem implementar um currículo personalizado usando diferentes canais de comunicação", refere o documento enviado às escolas.
As crianças mais novas, do pré-escolar, também podem manter as aulas em ucraniano, através de programa 'NUMO' do Ministério da Educação e Ciência ucraniano, com recursos 'online' para o jardim-de-infância.
Os novos 'guiões de trabalho', como os classificou hoje o ministro da Educação, João Costa, atualizam também as recomendações para a integração dos alunos ucranianos que optem pelo currículo português.
Com um enfoque particular no bem-estar físico e emocional e no desenvolvimento da empatia, a DGE recomenda, por exemplo, que sejam aproveitados os alunos ucranianos que já estão há mais tempo nas escolas para assumirem o papel de mentores para "orientar os recém-chegados, numa perspetiva de integração, de aprendizagem e de orientação por pares".
É também sugerido que as escolas promovam "integrações significativas", com o objetivo de desenvolver o sentimento de pertença dos novos alunos e, em simultâneo, o domínio progressivo da língua portuguesa, que estabeleçam ligações entre as culturas portuguesa e ucraniana e promovam a partilha de experiências, a ligação à comunidade, a atividade física através do Desporto Escolar e a participação em atividades de enriquecimento curricular.
O documento lista ainda um conjunto de escolas e associações ucranianas em Portugal, com as quais os estabelecimentos de ensino podem estabelecer parcerias, que permitam diversificar as experiências que facilitem a integração e manter a ligação à língua e cultura ucranianas.
A DGE enviou também para o pré-escolar um novo guia para o acolhimento das crianças, com sugestões para facilitar a aprendizagem do português e a integração numa nova escola, com atividades que promovam a proximidade com os novos colegas e os educadores.
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