O Presidente da República respondeu, este domingo, às críticas de Volodymyr Zelensky a António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, por este ir a Moscovo antes de ir a Kyiv, dizendo que a opção de Guterres é uma questão de perspetiva.
Em declarações aos jornalistas durante a visita à histórica feira de agricultura e pecuária em Beja, no Alentejo, Marcelo Rebelo de Sousa entendeu que "há dois pontos de vista", mas preferiu sublinhar que "o importante é que o presidente Zelensky tenha aceitado receber o secretário-geral António Guterres depois de ir a Moscovo".
"Como em tudo na vida, há dois pontos de vista. Um ponto de vista de ir primeiro à Ucrânia ver o que se passa, e só depois ir a Moscovo. Mas a última palavra pertencia a Moscovo. Agora vejam ao contrário. Começar por Moscovo, ouvir o ponto de vista russo e, depois, olhar para o que se passou e a última palavra ser ucraniana", argumentou o Presidente português, esperando que a viagem seja um "passo importante para que esta não seja uma guerra de meses".
Recorde-se que, este sábado, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, considerou "ilógica" a decisão do secretário-geral da ONU, António Guterres, de se deslocar a Moscovo dois dias antes de ir a Kyiv.
"É errado ir primeiro à Rússia e vir depois à Ucrânia. Não há justiça nem lógica nessa ordem", afirmou Zelensky, numa conferência de imprensa, numa estação de metro no centro de Kyiv.
Máscaras? "Um momento de viragem"
O Presidente da República considerou que visitar a feira da Ovibeja, sem a necessidade de usar máscara, tem sido "uma experiência única", mas salientou a "legitimidade" das pessoas que optam por "conservar as máscaras" em espaços públicos onde já permitido deixar de lado a proteção.
Marcelo Rebelo de Sousa pensa que a transição entre o uso e o largar das máscaras tem sido "um momento de viragem que está a ser vivido pelos portugueses com muito bom senso".
"Ainda ontem tive experiências diferentes: ar livre sem máscara; dentro de casa com muita gente, todos com máscara; dentro de casa espaçado, com pouca gente, uns com máscara, outros sem máscara. E esta adaptação que se tem de ir fazendo, sabendo que a pandemia não passou ainda, continua, está por aí, mas não tem a gravidade para já que teve noutros tempos", afirmou.
Sobre a feira em si, que conta ter visitado após ser eleito para o primeiro mandato, em 2016, o chefe de Estado confessa que "já tinha muitas saudades" da feira. Marcelo elogiou a organização, dizendo que "Ovibeja está atualizada", por demonstrar que "atividade agrícola pensa no que é fundamental no mundo, uma população que vai crescendo com desigualdades muito grandes".
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