Mota Amaral homenageado como o democrata que conciliou a unidade nacional
O antigo presidente da Assembleia da República e do Governo Regional dos Açores, o social-democrata Mota Amaral, foi hoje distinguido no parlamento como o político que conciliou o projeto de autonomias regionais e a unidade nacional.
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País Parlamento
Esta homenagem realizou-se na sala do Senado do parlamento, a propósito do lançamento da segunda edição da fotobiografia de Mota Amaral, numa cerimónia presidida pelo presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva.
Entre outras personalidades, estiveram presentes o primeiro-ministro, António Costa, o presidente do PSD, Rui Rio, o líder parlamentar social-democrata, Paulo Mota Pinto, e antigos presidentes deste partido como Marques Mendes e Manuela Ferreira Leite.
Na assistência estava ainda Manuela Eanes, mulher do primeiro Presidente da República eleito em democracia, o general Ramalho Eanes, e o antigo presidente da República Jaime Gama, tal como Mota Amaral também natural dos Açores.
Num dos primeiros discursos da sessão, a antiga ministra e membro do Conselho de Estado Leonor Beleza defendeu que Mota Amaral foi "o pai" das autonomias regionais em Portugal e soube conciliar "esse projeto sempre inacabado com o seu objetivo de unidade nacional".
"Mota Amaral poderia ter sido chamado a desempenhar qualquer cargo no país. Percorreu o caminho que queria percorrer", defendeu a antiga ministra social-democrata, antes de destacar "a forma vigorosa" como exerceu a presidência da Assembleia da República entre 2022 e 2005.
Ferro Rodrigues, ex-presidente da Assembleia da República e antigo líder do PS, considerou que o convite que lhe foi endereçado para discursar na cerimónia constituiu simultaneamente "uma honra, um prazer e um dever".
"Falou-se aqui do Mota Amaral açoriano, do Mota Amaral europeu, do Mota Amaral atlantista, do Mota Amaral presidente do parlamento. Eu destaco os seus traços de caráter e de verticalidade", declarou Ferro Rodrigues, dizendo que conheceu Mota Amaral, em 1970, quando ele era deputado da ala liberal na Assembleia Nacional.
Antes das intervenções de Augusto Santos Silva e de Mota Amaral, o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, classificou como "uma enorme responsabilidade" a circunstância de discursar naquela sessão, justificando essa sua apreciação por se sentir "o menos habilitado de todos" os presentes na mesa para falar sobre o longo percurso político de Mota Amaral.
Na sua perspetiva, no entanto, o convite que recebeu teve um significado político.
"A vitalidade das democracias depende da capacidade de alimentarmos vínculos, o passado, o presente e do futuro", sustentou, antes de se referir ao processo de transição para a democracia em Portugal, que caracterizou como "uma história múltipla com diversos elementos".
"Não compreendemos 1974 em Portugal sem compreendermos os anos que o antecederam", advogou o ministro da Cultura, numa alusão ao papel da ala liberal e à mobilização no seio da Igreja Católica na contestação ao Estado Novo.
Pedro Adão e Silva invocou então o episódio da vigília na Capela do Rato, que em janeiro do próximo ano fará 50 anos e que levou ao fim da ala liberal na Assembleia Nacional.
Sobre o fundador do PSD e antigo presidente do Governo Regional dos Açores, o ministro da Cultura sustentou a seguinte tese: "Nos últimos 50 anos, em Portugal, temos dificuldade em encontrar uma pessoa com um desempenho de tantas funções executivas e num período tão longo no espaço da democracia cristã".
Augusto Santos Silva, presidente da Assembleia da República, agradeceu "o contributo inestimável de Mota Amaral para a democracia portuguesa e para o 25 de Abril de 1974".
O ex-ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros mencionou também o contributo de Mota Amaral para "a construção da autonomia regional, que é um dos eixos da democracia, assim como para "a dignificação do parlamento".
"É uma das personalidades a quem devemos o facto de a nossa democracia respirar um ar que é puro", acrescentou.
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