Portugal é o 1.º país do mundo a sequenciar genoma do vírus Monkeypox

"A descoberta poderá ser fundamental para compreender a origem do surto e as causas para a rápida disseminação da doença", indica o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

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Daniela Filipe
23/05/2022 16:28 ‧ 23/05/2022 por Daniela Filipe

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Monkeypox

Portugal é o primeiro país a identificar a sequência genética do vírus Monkeypox, atualmente em circulação não só em Portugal, mas também no Reino Unido, Espanha, Suécia, Bélgica e Estados Unidos da América (EUA).

"A descoberta poderá ser fundamental para compreender a origem do surto e as causas para a rápida disseminação da doença", indica o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), em comunicado a que o Notícias ao Minuto teve acesso.

O organismo adianta que uma equipa de especialistas do seu Núcleo de Genómica e Bioinformática "identificaram a sequência genética deste vírus e partilharam-na com a comunidade científica internacional, o que poderá contribuir para uma mais rápida e efetiva compreensão deste fenómeno".

“A rápida identificação da sequência genética do vírus em circulação, e a sua imediata divulgação à comunidade científica, constitui um primeiro passo de colaboração internacional para a caracterização deste surto”, considera o responsável daquele núcleo do INSA, João Paulo Gomes, citado na nota.

“A comparação das sequências genéticas do vírus Monkeypox obtidas nos vários países poderá ser fundamental para a compreensão da origem do surto, bem como da forma como se deu rapidamente a disseminação da doença”, esclarece, complementando que “uma boa caracterização deste tipo de surtos permite retirar ensinamentos que podem ser-nos úteis para a adoção de medidas de saúde pública com vista a uma melhor monitorização e controlo do problema”.

O INSA realça ainda que o trabalho dos seus especialistas tinha "já permitido a Portugal ser dos primeiros países a confirmar laboratorialmente casos suspeitos desta doença, tendo o rápido diagnóstico sido efetuado através das metodologias já implementadas na Unidade de  Biopreparação e Resposta a Emergências do Departamento de Doenças Infeciosas".

Até esta segunda-feira, o organismo recorda que Portugal contabiliza 37 casos de Monkeypox confirmados em laboratório, tratando-se de um vírus com "origem ainda desconhecida". De acordo com a Direção-Geral da Saúde (DGS), os casos estão distribuídos pelas regiões de Lisboa e Vale do Tejo, Norte e Algarve, sendo que os doentes estão "estáveis e em ambulatório".

É, contudo, uma "doença zoonótica, em que roedores e primatas não humanos podem ser portadores do vírus e infetar pessoas". Terá sido identificada pela primeira vez em 1958, após dois surtos em macacos mantidos em cativeiro para fins de investigação. Depois, em 1970, foi identificada em humanos na República Democrática do Congo.

"A Monkeypox é uma doença endémica em alguns países da África Central e Ocidental, sendo raramente relatada fora da África. O vírus é transmitido de uma pessoa para outra por contato próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados", lembra o INSA.

A DGS recomenda que quem apresente lesões ulcerativas, erupção cutânea, gânglios palpáveis, - eventualmente acompanhados de febre, arrepios, dores de cabeça, dores musculares e cansaço -, procure aconselhamento médico, devendo abster-se de contatos físicos diretos. Ainda assim, "a abordagem clínica não requer tratamento específico, sendo a doença habitualmente autolimitada em semanas", termina a nota.

Segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), entre 15 e 23 de maio, foram comunicados 85 casos de Monkeypox em oito Estados-membros da União Europeia, entre os quais Bélgica, França, Alemanha, Itália, Holanda, Portugal, Espanha, Suécia.

A entidade pede, nesse sentido, que os países "se concentrem na rápida identificação, gestão, localização de contatos e notificação de novos casos de Monkeypox", admitindo a possibilidade de transmissão sexual.

[Notícia atualizada às 16h57]

Leia Também: Centro europeu recomenda rastreio para o vírus Monkeypox

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