"Terá que existir espaço de manobra. Na NATO sempre se procedeu desta maneira, a Aliança [Atlântica] cresceu com as crises e penso que é mais um momento em que se vai testar, como no passado, a sua resiliência e a sua capacidade de encontrar soluções para estes vários problemas e dilemas com que se confronta", afirmou Helena Carreiras, em declarações à agência Lusa.
A governante falou com a Lusa à margem do seminário organizado pelo Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA), sob o tema "A Integração da Perspetiva de Género nas Forças Armadas Portuguesas e nas Operações Militares -- Uma visão do futuro", no Instituto Universitário Militar, em Lisboa.
O Governo da Turquia indicou hoje que não vai levantar o seu veto à entrada da Finlândia e da Suécia na NATO durante a cimeira da Aliança Atlântica que decorre na próxima semana em Madrid.
"As conversações têm progredido. Também é conhecido o facto de que fomos talvez um pouco otimistas relativamente ao calendário. Acredita-se, contudo, que pode não ser antes da cimeira mas que após a cimeira continuarão esses contactos no sentido de ultrapassar as divergências e permitir que a Turquia se sinta também confortável com esta adesão", acrescentou Helena Carreiras.
A ministra da Defesa considerou ainda que a atribuição à Ucrânia do estatuto de país candidato à União Europeia, debatida no Conselho Europeu que decorre hoje e sexta-feira em Bruxelas, representa um "sinal importante" e defendeu a necessidade de uma "paz digna" para os ucranianos.
"Neste momento é um sinal importante para a Ucrânia bem como para outros países, sendo certo que o trabalho a ser desenvolvido para avaliar as condições em que isso deve ocorrer tendo em conta a própria estrutura da UE, os impactos a médio longo prazo, vai ter que iniciar-se e prolongar-se. E é esse o esforço que vai ter ser feito em conjunto a partir deste momento", frisou.
Momentos antes, no seu discurso de encerramento deste seminário, Helena Carreiras abordou o conflito na Ucrânia.
"Cabe a todos estar cientes de que a forma como prosseguimos a guerra determina a natureza da paz que teremos e nunca podemos perder de vista que o nosso objetivo não é prolongar a guerra, é regressar a um contexto de paz onde o contributo de todos e de todas seja valorizado", disse.
Questionada sobre esta afirmação, Helena Carreiras vincou a necessidade de uma "paz digna" para os ucranianos.
"O que está em causa é garantir que a paz que se vai conseguir é uma paz digna, uma paz em que a Ucrânia não seja forçada a aceitar uma ocupação ilegítima e ilegal, e é esse o esforço coletivo que fazemos no apoio à Ucrânia para que as condições para negociação e para a via diplomática possam de facto vir a concretizar-se e que possamos atingir a tal paz sustentável", defendeu.
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