A presidente do coletivo de juízes explicou que o tribunal aceitou ouvir mais três testemunhas, na sequência de requerimento apresentado pelas defesas, após o tribunal comunicar, em 15 de junho, a alteração não substancial de factos, o que levou a um primeiro adiamento.
Com a inquirição destas testemunhas, agendada para as 09:30 de 14 de julho, terão de ser feitas novas alegações finais por parte do Ministério Público (MP) e dos advogados dos arguidos, antevendo-se que a leitura do acórdão só ocorra após as férias judiciais, que terminam em setembro.
Os outros dois arguidos são os pais do militar da GNR de Fafe, distrito de Braga, que, segundo o MP, através de um esquema de burlas, conseguiram mais de 400 mil euros, os quais permitiram uma vida de luxo ao GNR e à mulher, auditora de justiça.
A acusação explica que o esquema passou por o pai do GNR, "muito conhecido, considerado e com boa reputação na sua área de residência, acolitado pela sua mulher sempre que necessário, pedir dinheiro emprestado a pessoas que nele confiavam, geralmente pessoas de idade, enganando-as com uma simulada situação de urgência e aflição".
O militar da GNR falou hoje novamente em tribunal para reiterar que "nunca convenceu, nem tinha conhecimento" de que o pai pedia empréstimos a terceiros para o ajudar.
A mãe do arguido, disse, por seu lado, que o filho lhes pedia dinheiro "para pagar a advogados, ao tribunal, ou que tinha problemas com uma namorada".
A arguida adiantou que, como o pai "tinha medo" que o filho fosse preso ou expulso da GNR, arranjava o dinheiro, sublinhando, no entanto, que o filho "nunca" disse ao pai que ia preso ou que seria expulso da Guarda.
Na acusação, o MP considera indiciado que o militar da GNR, "tendo, conjuntamente com a sua mulher, rendimentos modestos, mas pretendendo, além do mais, viajar, frequentar hotéis e restaurantes de luxo, adquirir roupas de marcas dispendiosas e viaturas de gama alta, engendrou um esquema" para obter as quantias monetárias necessárias àquela vida de luxo, "à custa de terceiros".
Ao esquema, segundo o MP, aderiram a mulher e os pais do militar da GNR.
O pai do GNR alegaria uma falsa prisão iminente do seu filho, decorrente de problemas com a justiça e/ou com uma também falsa possível expulsão daquela força policial.
"No contexto da alegação, o dinheiro seria necessário para acudir a pagamentos devidos em tribunal, para evitar os referidos desfechos", acrescenta a acusação.
Com base naquele argumentário, que sofreria "pequenas variações" conforme a circunstância e o interlocutor, os arguidos conseguiram que 29 ofendidos, nalguns casos marido e mulher, lhes entregassem, de 2016 a 2019, o montante global de 406.999 euros.
O MP diz que "parte substancial" deste montante financiou um "elevado" nível de vida económico do militar da GNR e da mulher.
Os arguidos estão ainda acusados de terem feito circular estas quantias por contas bancárias, com operações para dificultar a sua rastreabilidade, e de as terem reconvertido em inúmeros bens, razão pela qual também estão acusados de branqueamento.
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