O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, reiterou, esta sexta-feira, que não se pronuncia "sobre problemas internos da Assembleia da República ou qualquer órgão de soberania", depois de receber o Chega em Belém.
Em declarações aos jornalistas, o Presidente da República recusou prestar declarações sobre a audiência com André Ventura e não quis comentar as palavras do líder do Chega após o encontro. Sublinhe-se que Ventura pediu a intervenção de Marcelo referindo que há a possibilidade de um "escalar de conflito físico, verbal e político" no Parlamento.
"Sabem o que penso sobre isso, disse aqui no mesmo sítio há um dia. A minha posição é sempre a mesma. Foi a mesma posição no primeiro mandato, é no segundo mandato. A posição é que não me pronuncio sobre problemas internos da Assembleia da República ou qualquer órgão de soberania, não me pronuncio", disse o chefe de Estado.
"Não me pronuncio. Pediram-me várias vezes, perante a última legislatura, mas várias vezes, vários partidos, que eu me prenunciasse, não me pronunciei. Não vou abrir uma exceção. Não me pronuncio. É uma posição adquirida, está adquirida, é assim. Acho que é o que o Presidente deve fazer", reiterou, reforçando que a sua posição "não vai mudar até ao fim do mandato".
Perante a insistência dos jornalistas, Marcelo foi claro quanto às suas preocupações neste momento.
"Eu preocupado estou é com o problema da Saúde, esses são problemas que preocupam realmente os portugueses"
Recorde-se que o Presidente da República recebeu esta segunda-feira o Chega, a pedido do partido. Após a audiência, André Ventura falou aos jornalistas e indicou que chamou "a atenção" do chefe de Estado para o "comportamento" do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva.
Ventura indicou que Santos Silva elegeu o Chega "como alvo" e acusa-o de "atropelar sistematicamente o regimento" do Parlamento, uma opinião que, segundo o político, é partilhada por outros partidos.
Segundo André Ventura, o Presidente da República é o único que tem "autoridade política para chamar à atenção" de Santos Silva e considerou que Marcelo foi "recetivo" aos argumentos do Chega.
O presidente do Chega disse entender que Marcelo "não possa comprar uma guerra direta" com o presidente do Parlamento e, por isso, o partido ficou com a "perceção" de que o chefe de Estado irá intervir como "sabe, discretamente, nos bastidores".
Além disso, André Ventura disse que transmitiu a Marcelo que "não acautelar, ao não exercer nenhuma influência sobre o presidente da Assembleia da República, a possibilidade de um escalar de conflito físico, verbal e político é real".
Recorde-se que o pedido de audiência surgiu depois de, na semana passada, os deputados do Chega terem abandonado o hemiciclo em protesto contra a condução dos trabalhos pelo presidente da Assembleia da República depois de este ter comentado uma intervenção de Ventura sobre estrangeiros em Portugal.
Num comunicado, o partido acusou Santos Silva de um "comportamento persecutório" em relação ao Chega "desde o início da legislatura" e de uma "atitude de censura" que "desrespeita os cerca de 400 mil portugueses" que votaram nesta força política nas últimas legislativas.
Antes, o Chega já tinha divulgado um projeto de resolução em que se pretende condenar o comportamento do presidente da Assembleia da República por ausência de imparcialidade e de isenção no exercício do seu cargo.
[Notícia atualizada às 18h41]
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