"Tolerância zero" a abusos é preocupação da Jornada Mundial da Juventude

Com a questão dos abusos sexuais de menores no seio da Igreja Católica a marcar a atualidade noticiosa, a organização da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 (JMJLisboa2023) quer ser exemplar no cumprimento da "tolerância zero" pedida pelo Papa.

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© Global Imagens/Reinaldo Rodrigues

Lusa
01/08/2022 07:43 ‧ 01/08/2022 por Lusa

País

JMJLisboa2023

"Nós estamos a cumprir aquilo que são desde o início as recomendações da Santa Sé e também as recomendações das organizações anteriores da Jornada Mundial da Juventude", diz à agência Lusa o presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023, o bispo Américo Aguiar.

O prelado entende, também, que é necessário "dar graças" por se ter chegado ao momento em que "as vítimas, as pessoas que viveram esses horríveis acontecimentos da sua vida são a prioridade".

"E isso é importante naquilo que significa a perceção daqueles que se querem inscrever e querem vir participar na Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa", afirma Américo Aguiar, que é também o coordenador da Comissão de Proteção de Menores do Patriarcado de Lisboa, segundo o qual "há um grupo de trabalho específico para corresponder a todas essas prerrogativas e recomendações", porque quanto "a tolerância zero e a transparência total que o Papa Francisco pede nesta temática (...) nós temos de ser particularmente exemplares".

Questionado se esta questão é tida em conta no processo de seleção dos voluntários que vão trabalhar diretamente com os milhares de jovens que vão participar na JMJLisboa2023, Américo Aguiar responde: "Sem dizer o que não devo, todos os colaboradores mais diretos, menos diretos da estrutura, mais próxima e menos próxima do Santo Padre, mais próxima ou menos próxima dos lugares sensíveis, mais próxima ou menos próxima desta temática de que estamos a falar, são, devidamente e de acordo com as regras e as recomendações, escrutinados".

Em Portugal, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) criou no final de 2021 uma Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa, coordenada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, que, de acordo com o último balanço, de 10 de julho, já validou 352 testemunhos, tendo encaminhado para o Ministério Público 17 casos, que levaram à abertura de 10 inquéritos, segundo informação da Procuradoria-Geral da República à agência Lusa.

A Comissão Independente, que é constituída também por Ana Nunes de Almeida (socióloga), Daniel Sampaio (psiquiatra), Álvaro Laborinho Lúcio (juiz conselheiro), Filipa Tavares (assistente Social) e Catarina Vasconcelos (realizadora e designer, como membro externo), iniciou funções em janeiro deste ano e espera terminar em dezembro um relatório sobre a situação dos abusos sexuais no seio da Igreja Católica nos últimos 70 anos.

Leia Também: Abusos na Igreja. Santos Silva apela a que "as vítimas testemunhem"

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