D. Manuel Clemente coloca lugar à disposição depois de conversa com Papa

A semana ficou marcada por notícias sobre casos de abusos sexuais encobertos por líderes da Igreja portuguesa, incluindo pelo cardeal-patriarca de Lisboa, que se mostrou perplexo pela reação contra o seu Patriarcado.

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Notícias ao Minuto
06/08/2022 09:27 ‧ 06/08/2022 por Notícias ao Minuto

País

Abusos na Igreja

O cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, terá posto o seu lugar à disposição, depois de ter reunido na sexta-feira com o Papa Francisco, no Vaticano para esclarecer as recentes notícias sobre a alegada inação da Igreja Católica portuguesa em casos de abusos sexuais por parte de sacerdotes.

Segundo avança este sábado o Nascer do Sol, citando fontes próximas do cardeal, o cardeal-patriarca disponibilizou-se para abandonar o cargo como resposta às alegações de que terá escondido uma denúncia de abusos sexuais de menores relativa a um sacerdote do Patriarcado (num caso que remonta aos anos 90).

O jornal refere que o Papa Francisco terá pedido que este fique à frente do Patriarcado, que lidera desde maio de 2013, até à Jornada Mundial da Juventude, em 2023, se continuar saudável.

Fonte junto de D. Manuel Clemente disse também que o cardeal está "profundamente triste e agastado com o julgamento na praça pública e passar de bestial a besta após 50 anos de missão na Igreja".

De recordar que, segundo uma reportagem do Observador da semana passada, D. Manuel Clemente terá tido conhecimento de uma denúncia de abusos sexuais de menores contra um padre do Patriarcado, mas mesmo depois de se ter encontrado com a vítima, escolheu não comunicar o abuso às autoridades e o padre continuou no ativo.

Na edição de sexta-feira do Expresso, o semanário noticiou que o bispo da Guarda, Manuel Felício, e o bispo emérito de Setúbal, Gilberto Reis, também terão escondido queixas de abusos sexuais por padres das autoridades policiais.

Na conversa com o Papa Francisco, o cardeal-patriarca terá acrescentado que as decisões tomadas por si e pelo seu antecessor, D. José Policarpo, foram feitas de acordo com as diretrizes da Igreja Católica da altura.

O Nascer do Sol avança também que o nome que poderá suceder a D. Manuel Clemente à frente do Patriarcado de Lisboa é o cardeal José Tolentino de Mendonça, que está desde 2018 no Vaticano com funções de arquivista e bibliotecário da Santa Sé, depois de uma longa carreira como investigador, poeta e ensaísta.

Numa carta aberta divulgada na semana passada, o patriarca de Lisboa defendeu-se das notícias que apontavam para a sua inação e falta de colaboração com as autoridades judiciais e civis, confirmando que se encontrou com a vítima, dizendo não entender o porquê de estar "perante uma renovada denúncia da feita em 1999". Manuel Clemente vincou que o caso "e outros do conhecimento público e que foram tratados no passado, não correspondem aos padrões e recomendações que hoje" todos querem "ver implementados".

Leia Também: Abusos na Igreja. Marcelo diz que "comissão desbloqueou tabu" e faz apelo

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