O antigo dirigente do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, comentou esta sexta-feira a polémica da contratação de Sérgio Figueiredo para consultor do Ministério das Finanças, destacando dois pontos.
"Quando Medina decidiu contratá-lo, expôs-se muito e creio que não perceberam muito que os salários, condições, e mesmo a descrição da função... Quer dizer, um assessor vai auscultar sindicatos e associações patronais? Não acredito muito nisso", começou por dizer, declarando que a situação parece um "pântano".
No seu espaço de comentário na SIC Notícias, Louçã considerou que o problema "mais de fundo" é "a relação entre o profissionalismo da comunicação social e a responsabilidade político-partidária e governamental".
"Eu não acredito em pessoas que não tenham convicções. Pode proteger a sua responsabilidade profissional segundo regras de isenção, mas quando me dizem que um jornalista não deve votar, acho ridículo e absurdo", considerou.
"Sérgio Figueiredo fez uma escolha, não sei se algum dia quererá voltar a ser responsável por jornais. Expôs-se a esta discussão que não sei se hoje lamentará ou não. O Ministério não mudará um átomo por contratar assessores que o ponham no centro", disse Louçã, que acredita que este tipo de decisões "desgastam o Governo".
Bolsonaro aproxima-se de Lula
Noutros temas, Francisco Louçã abordou o tema das eleições presidenciais no Brasil com "enorme importância", uma vez que pode resultar no regresso de Lula ou na reeleição de Bolsonaro.
"Parece haver um temor generalizado dos governos sobre o risco de um golpe militar. Por outro lado as sondagens dão uma ligeira aproximação de Bolsonaro", declara.
Neste contexto, surge o 7 de setembro, os 200 anos da independência do Brasil, bicentenário no qual Marcelo marcará presença, mas sem saber como será o programa.
"O Presidente português colocou-se, creio eu, numa situação difícil. Se não tivesse acontecido nada até agora, que Portugal se fizesse representar pelo seu Presidente na comemoração dos 200 anos do fim do domínio imperial português sobre o Brasil, acho que teria sentido."
Para o antigo dirigente bloquista, é uma visita de estado onde Portugal tem um diferente peso, mas "o problema", é que esta é a sétima visita de Marcelo no seu mandato, sendo que, da outra parte, Portugal não recebeu nenhuma. Há, aqui, considera, "uma delicadeza" na situação.
"O problema é que Marcelo Rebelo de Sousa tem uma tendência muito nítida que é de sentir que pode encantar todas as serpentes", e por isso foi à tomada de posse de Bolsonaro, concluiu.
Falando ainda sobre as novas medidas sociais do Governo, Francisco Louçã ressalvou haver duas estratégias que têm de se "combinar" no combate à pobreza extrema, que são medidas pontuais.
Destas medidas, sublinhe-se o aumento social extraordinário que poderá abranger mais de 100 mil crianças. A segunda medida, "mais atrapalhada", o aumento do abono de família em 50 euros por mês, mas que se vai executando ao longo de 2022 e 2023. "Na verdade não sabemos quando de concretizará no seu todo", esclarece.
Para Louçã, é ainda (mais) necessária uma política consistente sobre os rendimentos.
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