O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fez, esta quinta-feira, um 'briefing' operacional, na Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), em Lisboa, sobre a situação dos incêndios que têm destruído milhares de hectares nos últimos meses em Portugal.
"Neste momento é um número pequeno de ocorrências nessa mesma área, três, mas todos nós tivemos a noção de que era um desafio novo que se colocava a e que foi enfrentado também o recurso a esforços suplementares de coordenação", começou por afirmar o Chefe de Estado, considerando que o país estava a "entrar numa nova fase".
"As previsões meteorológicas dão para a próxima semana, as próximas duas, uma situação de fatores meteorológicos que é menos positiva do que aquela vivida neste momento", anunciou, de visita ao Comando Nacional da Proteção Civil.
"Prevê-se na viragem e no mês de setembro um mês mais complicado que o mês de setembro anterior. Em temperatura, humanidade e ventos. E sabemos como os ventos foram um problema na Serra da Estrela", notou o chefe de Estado, que não se esqueceu de agradecer à população, assim como apelar.
"Os portugueses devem estar atentos a tudo aquilo que podem fazer - e farão - para minimizarem os fatores de risco"Considerando que houve uma primeira fase que foi bem sucedida, Marcelo referiu ainda que todas as entidades estão preparadas cabalmente "para aquilo que nos pode esperar nas próximas semanas". "Há a noção de que estamos a enfrentar um desafio que é de todos e, portanto, deve ser assumido por todos", rematou.
O responsável sublinhou também que há uma unidade no poder político no combate a esta questão dos incêndios que vai para além de si ou do Governo. "Também aqueles que têm tido um protagonismo importante e para os quais vai um palavra minha: para além de uma palavra especial para os operacionais, que estão numa dedicação sem limite", afirmou, homenageando o sub-chefe Carlos Antunes, o bombeiro que morreu a caminho do combate às chamas. "É um exemplo de quem, independente das suas condições físicas se disponibilizou para ir combater os fogos", referiu.
"Mas [também] uma palavra para os autarcas, que têm sido como poderes públicos inexcedíveis no terreno neste período - que, cronologicamente, já passou metade do verão, mas sabemos, por experiência que por vezes se prolonga até ao fim de setembro, e esperemos que não por outubro", referiu.
Medidas anunciadas amanhã
O Presidente da República afirmou ainda que na sexta-feira serão anunciadas as medidas para os próximos dias devido ao risco de incêndio e alertou que as próximas duas semanas se preveem difíceis.
"Amanhã haverá uma conferência de imprensa em que será anunciado o conjunto de medidas que se entende que são adequadas para os próximos dias e semanas. Isso deve ser visto de uma forma muito firme, mas muito serena porque se tem a convicção de que apesar de tudo não estamos perante a situação dramática que justificou aquele apelo inicial e aquele bloco de medidas iniciais", disse.
De acordo com o chefe de Estado, se for preciso adotar mais medidas caso as circunstâncias evoluam negativamente, "quem tem de as adotar não deixará" de o fazer, acrescentando que preveem-se "duas semanas difíceis" pela frente.
"Não vou antecipar as medidas. A função do Presidente da República não é essa, não é substituir-se a outras instâncias de poder. É ter a noção de que são as medidas adequadas, mas não tão gravosas quanto medidas mais intensas que foram adotadas quando nos encontrámos aqui da última vez", respondeu.
Serra da Estrela. O incêndio que destruiu milhares de hectares e durou 11 dias
Questionado sobre uma eventual responsabilidade política sobre este fogo e outros fogos, Marcelo Rebelo de Sousa garantiu que as falhas e descoordenações iam ser investigadas.
O Presidente da República afirmou ainda que seria "uma insensatez" avaliar eventuais erros no combate ao incêndio da Serra da Estrela nesta fase, admitiu que se pode trabalhar mais a prevenção e pediu respostas europeias no futuro.
"Em relação à Serra da Estrela, já foi anunciado que haverá um relatório e um apuramento dos fatores complexos que terão explicado o que se passou. E que é sempre imprevisível. É sempre diferente daquilo que se podia prever e ali não se previa naqueles tempos", rematou, acompanhado pelo ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro.
"No fim das campanhas vai-se olhar e ver como foi", afirmou, referindo-se a número de vítimas, destruição da biodiversidade, entre outros fatores.
"A prevenção é talvez a área em que é preciso sempre trabalhar mais, porque não é só prevenção de meios, é um problema de cultura cívica, é um problema de comportamentos"
Questionado também sobre falhas na prevenção, Marcelo Rebelo de Sousa disse que essa será também outra avaliação para fazer "no fim da campanha" de incêndios em curso.
"A prevenção é talvez a área em que é preciso sempre trabalhar mais, porque não é só prevenção de meios, é um problema de cultura cívica, é um problema de comportamentos", reconheceu o chefe de Estado, sublinhando mudanças nos tempos de combate, com as campanhas a começarem mais cedo e a terminarem mais tarde.
[Notícia atualizada às 22h09]
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