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Agricultor hospitalizado após 22 dias de greve de fome junto a São Bento

Hospitalização aconteceu no dia em que o primeiro-ministro disse, no Parlamento, que não havia nada a fazer por Luís Dias.

Agricultor hospitalizado após 22 dias de greve de fome junto a São Bento
Notícias ao Minuto

10:06 - 30/09/22 por Notícias ao Minuto com Lusa

País Greve de fome

O empresário agrícola Luís Dias, que se encontrava em greve de fome há 22 dias, em frente ao Palácio de São Bento, foi hospitalizado ao final da tarde desta quinta-feira, revelou o vice-presidente da associação Frente Cívica João Paulo Batalha, no Twitter.

"Luís Dias foi hospitalizado ao final da tarde de hoje, 22º. dia de greve de fome. Já sentia dores desde ontem [quarta-feira] e seguramente não terá sido fácil ver hoje [quinta-feira] António Costa mentir ao Parlamento e assumir que lhe é indiferente se o Luís vive ou morre. Não desistimos de ti, Luís!", lê-se no tweet de João Paulo Batalha.

Entretanto, fonte hospitalar disse à Lusa que Luís Dias deu entrada no Hospital de São José, onde permanece em observação.

Segundo a fonte do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC), do qual faz parte o Hospital São José, o agricultor encontrava-se hoje de manhã na sala de observação do serviço de urgências.

A hospitalização de Luís Dias acontece no mesmo dia em que o deputado único do Livre, Rui Tavares, questionou o primeiro-ministro no Parlamento, sobre as as reivindicações do agricultor de Idanha-a-Nova.

Em resposta ao parlamentar, António Costa garantiu que o seu gabinete manteve o contacto com o agricultor "várias vezes ao longo dos anos em que tem estado em manifestações" e que, neste momento, o Governo "não tem nada a fazer para responder a essa situação".

Perante o protesto de algumas bancadas, o primeiro-ministro sublinhou que "o senhor não tem razão". "Não há nada a fazer, é muito simples", concluiu.

Antes de ser hospitalizado, Luís Dias reagiu às declarações de António Costa no Twitter. "Nunca pensei que o primeiro-ministro pudesse mentir a meu respeito em pleno plenário. Só posso concluir que realmente planeia deixar-me morrer", tweetou.

O proprietário agrícola já tinha estado em greve de fome em frente ao Palácio de Belém, em Lisboa, um protesto que durou cerca de 30 dias e terminou a 6 de junho de 2021, após receber a visita de apoiantes e de falar com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Na altura, o agricultor, de 49 anos, disse que se encontrava em greve "contra a indiferença destrutiva do Estado", que alega ter prejudicado o seu projeto agrícola.

A história de Luís Dias, segundo relatou o jornal Público na altura, remonta a 2015, quando apresentou, junto da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro (DRAPC), uma candidatura para ajudas financeiras para avançar com uma exploração de amoras na Quinta da Zebreira, em Castelo Branco.

A candidatura viria a ser recusada por, segundo o DRAPC, não existirem garantias bancárias.

O agricultor viria a recorrer ao Tribunal de Contas Europeu, que lhe deu razão, afirmando que as garantias bancárias não lhe podiam ser exigidas.

Em 2017, após o mau tempo ter destruído a sua exploração, voltou a pedir ajuda à DRAPC e verbas para compensar os prejuízos pela intempérie, mas o apoio voltou a ser recusado.

Dois anos depois, Luís Dias recorreu à provedora de Justiça e, nessa altura, o Ministério da Agricultura considerou, num despacho, que a Quinta da Zebreira poderia ter acesso a verbas do Estado, mas nunca efetuou qualquer pagamento.

Em janeiro deste ano, Luís Dias anunciou que iria voltar a fazer greve de fome, acusando o Governo de "extrema má-fé", após ter sido recebido pelo Ministério da Agricultura.

"O boicote e a prepotência reiterada do Estado tiraram-me tudo. A única coisa que me resta, para além da razão que o Estado reconhece, mas não repara, é a minha dignidade. Não vou ceder. [...] Se quiser discutir isto comigo e por fim repor a justiça que está inteiramente nas suas mãos, estarei acampado em greve de fome à porta da sua residência, a partir da próxima sexta-feira", afirmava numa carta aberta, enviada na altura ao primeiro-ministro, à qual a Lusa teve acesso.

[Notícia atualizada às 14h09]

Leia Também: Agricultor em greve de fome? "Não há nada a fazer", garante Costa

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