Em resposta aos jornalistas em Dublin, durante a sua visita de Estado à Irlanda, Marcelo Rebelo de Sousa manifestou preocupação com a demissão de Liz Truss hoje apresentada ao monarca do Reino Unido, Carlos III, ao fim de 44 dias de governação.
"Vejo com preocupação porque, como todo o fator de instabilidade, a substituição de um primeiro-ministro neste curto espaço de tempo pode ter repercussões nos mercados financeiros e afeta outras realidades a nível europeu e a nível mundial", declarou.
O chefe de Estado realçou que esta demissão num país "particularmente relevante" acontece "numa altura em que já há tantos fatores de instabilidade", resultantes da invasão russa da Ucrânia e ainda da pandemia de covid-19.
"Sobretudo com um mercado financeiro como é o de Londres, não deixa de nos preocupar nesta altura", reforçou, acrescentando: "Ter agora dúvidas ou necessidade de intervenção corretiva nos mercados financeiros para evitar mais instabilidade não é uma boa notícia, de facto".
Marcelo Rebelo de Sousa ressalvou que respeita "a soberania do Estado britânico" e evitou comentar a situação política interna do "aliado mais antigo" de Portugal.
No entanto, observou que esta "é uma má ocasião para ter qualquer tipo de crise em parceiros, em aliados e em elementos muito importantes, como é o caso do Reino Unido, uma grande componente do sistema económico e financeiro mundial".
Interrogado se pensa que Portugal pode sofrer consequências do que se passa no Reino Unido, respondeu: "Não, espero bem que não. Quando falo é do efeito global, nas expectativas dos investidores, nas expectativas dos mercados, é mais nesse sentido do que propriamente da influência em Portugal".
Na declaração que fez hoje à porta da residência oficial de Downing Street, em Londres, Liz Truss considerou que não pode cumprir o mandato para o qual foi eleita pelo Partido Conservador e disse que será encontrado um sucessor até ao fim da próxima semana.
Leia Também: Reino Unido. Nicola Sturgeon junta-se a vozes que pedem eleições