"Em relação a doutor Passos Coelho como em relação a muitas outras pessoas da vida portuguesa, falei como Presidente, não como Marcelo. Falei para dizer que o pais lhe deve - porque deve mesmo - aquilo que fez durante a crise da Troika e que é um ativo político para o futuro", disse Marcelo Rebelo de Sousa, quando questionado pelos jornalistas, esta sexta-feira, se os elogios recentes eram para puxar o ex-primeiro-ministro de volta à política.
Para Marcelo, disse apenas "aquilo que muitos portugueses pensam".
"Em relação ao doutor Passos Coelho, como em relação a muitas outras pessoas da vida portuguesa, falei como Presidente da República, não falei como Marcelo Rebelo de Sousa", insistiu.
A 15 de outubro, em Amarante, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que o país ainda "deve esperar muito do contributo" do antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, numa altura marcada pela suas declarações sobre os casos de abusos sexuais na Igreja Católica.
"Sendo tão novo [Pedro Passos Coelho], o país pode esperar, deve esperar muito ainda do seu contributo no futuro, não tenho dúvidas", afirmou aos jornalistas, observado que a "resistência" do ex-chefe do Governo no período da troika é reconhecida dentro e fora de Portugal.
Sobre os roubos de bens essenciais - que cada vez mais aparecem com alarme nos supermercados - Marcelo diz "não é uma situação generalizada", e que a maioria dos portugueses "tem um comportamento cívico irrepreensível apesar daquilo que sofre". A pobreza, considera ainda, é "um problema de fundo e estrutural da sociedade portuguesa", e espera que os valores possam baixar.
O chefe de Estado salientou que a estratégia de combate à pobreza "já era uma necessidade antes da guerra", referindo que a pobreza em Portugal "subiu" com a guerra, e antes com a pandemia.
"É preciso fazer aquilo que a estratégia contra a pobreza se propunha a fazer, até 2030 reduzir de forma apreciável aquilo que é um patamar de pobreza brutal", finalizou.
O Presidente da República alertou que a sociedade portuguesa andará "para trás" se não conseguir ultrapassar o problema da pobreza e disse esperar que os fundos europeus sirvam para "enfrentar as causas" que provocam carências.
Uma sociedade que não consegue, como um todo, poderes públicos e todos os cidadãos, não consegue ultrapassar o problema da pobreza, é uma sociedade que, ainda por cima envelhecida, anda para trás, não anda para a frente
No distrito do Porto para participar no encerramento do XVI encontro anual do Conselho Superior da Magistratura, o chefe de Estado considerou ser uma "meta fundamental" cumprir o desígnio de até 2030 retirar 765 mil pessoas do risco de pobreza
"Dos fundos europeus, espero que uma parte venha, ao tratar da Educação, da Habitação, de questões sociais e de Saúde, que venha enfrentar as causas da pobreza em Portugal", disse.
Marcelo escusou-se ainda de comentar o caso dos ajustes diretos em que Medina, Duarte Cordeiro, Siza Vieira e Graça Fonseca estão a ser investigados. "Investigue-se e sendo caso disso aplique-se a justiça de forma igual para todos", afirmou.
[Notícia atualizada às 14h47]
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