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CGTP exige investigação para "erradicar" racismo nas forças de segurança

A Intersindical mostrou-se preocupada com as mensagens de ódio divulgadas, mas considera que são "manifestações anómalas" entre os polícias e militares.

CGTP exige investigação para "erradicar" racismo nas forças de segurança
Notícias ao Minuto

12:22 - 23/11/22 por Notícias ao Minuto

País Polícias

A CGTP comentou esta quarta-feira a divulgação de mensagens de incitamento ódio por parte de agentes de autoridade, noticiadas na semana passada, considerando "de extrema gravidade" os casos denunciados e exigindo que "sejam investigados até às últimas consequências".

Num comunicado enviado às redações, a Intersindical Nacional esclareceu que não acha que estes "fenómenos" estejam "generalizados entre as forças de segurança", mas antes "manifestações anómalas entre os muitos milhares que envergam a respetiva farda com honra, sentido de dever e pleno respeito pelos valores democráticos e pelos direitos humanos consagrados na Constituição da República".

Ainda assim, acrescenta que "é completamente inaceitável que elementos das forças de segurança, que juram defender e cumprir esta mesma Constituição e a legalidade democrática e têm como missão proteger os direitos, a vida e a segurança de todos os cidadãos, exprimam, ainda que alegadamente em privado, ideias e perfilhem ideologias claramente conflituantes com os mais elementares princípios e valores constitucionais fundamentais".

De recordar que, na semana passada, uma grande reportagem do Consórcio de Jornalistas de Investigação Portugueses, denominada 'Quando o ódio veste a farda' e encabeçada pela SIC e pelo site Setenta e Quatro, revelou mensagens e comentários de quase 600 agentes de autoridade nas redes sociais, nas quais os ditos agentes promoviam mensagens racistas, sexistas, xenófobas e de incitamento ao ódio, contra políticos, personalidades públicas ou minorias étnicas (especialmente pessoas de etnia cigana e pessoas negras).

Para a CGTP, "um agente de segurança nunca deixa de o ser mesmo quando despe a farda", e explica que a banalização do discurso do ódio, seja nas redes sociais ou fora delas, cria precedentes e faz caminho, um caminho destrutivo, que gera na sociedade intolerância, antagonismos, conflitos, que desembocam em violência e em mais ódio, numa espiral incontrolável".

"A CGTP-IN exige uma investigação séria e aprofundada destes fenómenos entre os agentes das forças de segurança, tendo em vista a sua clara condenação e completa erradicação", salienta a organização.

Mas a Intersindical pede também que "sejam garantidas as condições de trabalho e os direitos que há muito são negados aos profissionais das forças de segurança", acreditando que a falta de condições laborais dignas "abre as portas ao crescimento do populismo e das forças de extrema-direita no nosso país".

A publicação da reportagem motivou rápidas reações por parte das entidades competentes. O Governo, através do Ministério da Administração Interna, prometeu investigar os casos e a Inspeção-Geral da Administração Interna anunciou a abertura de um inquérito.

No Parlamento, os vários partidos mostraram preocupação, mas Iniciativa Liberal e PCP pediram para não se generalizar os comportamentos nocivos e violentos para a generalidade das forças policias. Já o Chega defendeu rapidamente os agentes, criticou a reportagem e a comunicação social. tal como os vários sindicatos da Polícia de Segurança Pública e da Guarda Nacional Republicana.

A reportagem do Consórcio dá conta de diversos casos de publicações de caráter “discriminatório, incitadoras de ódio e violência contra determinadas pessoas". Numa delas lia-se: "Procura-se sniper com experiência em ministros e presidentes, políticos corruptos e gestores danosos", conforme dizia o texto sobre a imagem do cano de uma espingarda que um militar da GNR de Vendas Novas publicou no Facebook.

"Enquanto não limparem um ou dois políticos, não fazem nada...", sugeria um militar da GNR de Setúbal, no grupo fechado Colegas GNR.

Leia Também: 'Ódio' na PSP e GNR? Pode "pôr em causa a confiança dos cidadãos"

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