Sérgio Sousa Pinto criticou, na terça-feira, o "tom dramático" do presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML) no âmbito das cheias na cidade, assim como o valor do fundo que anunciou para particulares e comerciantes atingidos pelo fenómeno.
Sublinhando que não se pode falar em "responsabilidades políticas" sem antes se "começar por falar destes fenómenos" e alertando que os especialistas estão "cansados de saber os pontos sensíveis" que podem ser atingidos nestas situações, o socialista refere: "Se quisermos passar todas estas questões e passar ao apuramento de responsabilidades, que é uma espécie de desporto nacional - ao qual regressamos depois de uma breve interrupção por causa do Qatar - então temos que começar por dizer que não se percebe o tom dramático do presidente da Câmara Municipal de Lisboa [Carlos Moedas]", referiu durante o seu espaço de comentário no programa 'Prime Time', emitido pela CNN.
Três milhões é nada.O antigo líder da Juventude Socialista justifica este "tom dramático" com os apelos ao primeiro-ministro, António Costa, e pedidos para solidariedade e apoio ao poder central, seguidos do anúncio de que vai disponibilizar, pelo menos, três milhões de euros para particulares e comerciantes atingidos pelas cheias na cidade.
"É a maneira mais inequívoca de exprimir a insignificância das consequências e dos estragos e prejuízos materiais associadas às cheias dos últimos dias", considerou o também presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas.
"Três milhões é nada. O Orçamento da Câmara Municipal de Lisboa são mais de mil milhões [1,16 mil milhões para 2022]", acusou.
"E o presidente [da CML] rasga as veste para pedir apoio ao primeiro-ministro para o vir socorrer porque também já está inundado?", questionou, Sousa Pinto, considerando: "É absolutamente caricato".
"Se quer pedir três milhões, porque neste momento não lhe convém gastar três milhões do seu orçamento de mais de mil milhões, ao menos que não apareça como se lhe tivesse caído o céu em cima da cabeça, porque é totalmente absurdo", rematou.
O autarca de Lisboa anunciou, na terça-feira, a criação deste fundo, durante uma entrevista à TVI, na qual falou sobre as medidas que podem ser tomadas para minimizar o impacto das cheias na cidade de Lisboa.
"Vou propor à Câmara Municipal [de Lisboa] um fundo para ajudar estas pessoas de, pelo menos, três milhões de euros. Estou a fazer os cálculos. É importante que as pessoas saibam que a Câmara Municipal vai atuar rapidamente. Nós temos de ajudar as pessoas neste momento, exatamente porque não temos a solução estrutural", afirmou Moedas, reconhecendo este apoio é "insuficiente" e defendendo a necessidade de o Governo ser célere com os apoios que irá disponibilizar. "O Governo tem de ajudar já. Tem de ser rápido", apelou.
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