De visita a Odemira, o Presidente da República vincou a importância da integração digna de imigrantes em Portugal, passando uma parte da véspera de Natal em contacto com as comunidades que vivem sob grandes dificuldades económicas e sociais no concelho alentejano.
Aos jornalistas, depois de ter ouvido histórias de vários imigrantes, Marcelo Rebelo de Sousa realçou que "Portugal está cheio de imigrantes e emigrantes lá fora, uns e outros têm problemas que fazem parte da nossa vida", e admitiu que os eventos em 2021 alertaram a sociedade para a realidade em Odemira.
"As pessoas acordaram um bocadinho para situações que tinham, de repente, aumentado de forma brutal. A resposta que está a ser dada pela autarquia é fundamental, está a ser muito rápida, e as pessoas perceberam que tinham de mudar de comportamento, porque o desafio era novo, era enorme e há um principio fundamental que é assegurar a dignidade da vida das pessoas", afirmou.
Em 2021, quando a população imigrante em Odemira começou a ser gravemente afetada por surtos de Covid-19, a exploração de trabalhadores no setor agrícola, especialmente provenientes do Sudeste Asiático, ganhou uma maior atenção mediática a nível nacional. Estima-se que trabalhem em Odemira cerca de 30 mil pessoas imigrantes, a maioria sob condições sociais difíceis, em apartamentos sobrelotados e são constantes os casos de assédio laboral e tráfico humano.
Recentemente, o concelho esteve também nas notícias devido ao caso de agressões a imigrantes por parte de militares da Guarda Nacional Republicana (GNR).
Justificando a decisão de ir a Odemira, o maior concelho em termos de área do país e com uma população imigrante que representa 40% da população total, Marcelo Rebelo de Sousa disse ter a sua família pessoal, a sua família militar e "a família ampla, que é a portuguesa". "E hoje achei que era importante mostrar como é Portugal. E aquilo que vimos hoje aqui é Portugal", reiterou.
Marcelo também salientou as dificuldades que estas pessoas sentem no que diz respeito à burocracia, que "já pesada, agora imaginem para quem não fala a língua", especialmente no que diz respeito à documentação na Segurança Social.
Sobre as crianças, o chefe de Estado explicou também que os jovens com quem falou falam "português muito bem, o que significa que a inclusão e a homogeneidade social ganham muito com os papéis dos mais novos". O Presidente da República contou ainda que ouviu relatos de imigrantes e disse que "várias mulheres" refletiram na forma como são vistas "liberdades básicas em Portugal".
[Notícia atualizada às 15h58]
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