O (novo) Executivo de António Costa tomou posse este ano, mas tem vindo a 'acumular' casos e polémicas que, nomeadamente, já levaram à saída de oito governantes. De Sara Abrantes Guerreiro, secretária de Estado da igualdade e Migrações, a Alexandra Reis, secretária de Estado do Tesouro, recorde os momentos em que membros do Governo saíram.
Sara Abrantes Guerreiro deixou o cargo (em 2 de maio), a seu pedido, 33 dias depois de o ter assumido. Na altura, fonte do Executivo disse à agência Lusa que esta saída "ocorreu a pedido da própria" e "por motivo de doença".
Esta, recorde-se, aconteceu numa altura em que a Câmara de Setúbal se viu envolvida numa polémica em que refugiados ucranianos terão sido recebidos por russos pró-Kremlin. Estes terão recolhido dados sobre os refugiados e tentado obter informações sobre familiares que ainda estivessem na Ucrânia.
As saídas na Saúde. Temido "deixou de ter condições"
Em agosto, deu-se a saída da equipa que liderava a pasta da Saúde. Marta Temido, a então ministra, demitiu-se, sendo acompanhada pelos restantes elementos que compunham o elenco: António Lacerda Sales, secretário de Estado Adjunto e da Saúde, e Fátima Fonseca, secretária de Estado da Saúde.
Temido apresentou formalmente a demissão ao primeiro-ministro, António Costa, "por entender que deixou de ter condições para se manter no cargo". Depois, o gabinete do chefe de Governo dava conta da decisão de aceitar o pedido: "Respeita a sua decisão e aceita o pedido, que já comunicou ao senhor Presidente da República".
Marta Temido tinha iniciado funções como ministra da Saúde em outubro de 2018, sucedendo a Adalberto Campos Fernandes. Foi ministra durante os três últimos três executivos, liderados por António Costa.
Marta Temido© Getty Images
Já António Lacerda Sales era secretário de Estado Adjunto e da Saúde desde 2019 e Fátima Fonseca era secretária de Estado da Saúde desde março de 2022.
António Lacerda Sales© Global Imagens
Miguel Alves. Adiantamento "duvidoso" e o pedido de demissão
Outra das demissões - esta envolta em (muita) polémica - foi a de Miguel Alves, que ocupava o cargo de secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, António Costa. Em novembro, o antigo presidente da Câmara Municipal de Caminha apresentou o seu pedido de saída do Governo, numa missiva divulgada pelo gabinete do primeiro-ministro, que aceitou o pedido de exoneração.
A demissão surgiu horas após o jornal Observador ter avançado que Miguel Alves foi acusado do crime de prevaricação pelo Ministério Público, no âmbito de uma certidão extraída do processo 'Operação Teia'.
"Tendo tido conhecimento pelos meios de comunicação social da dedução da acusação, por parte do Ministério Público, num inquérito que se refere a factos ocorridos nos anos de 2015 e 2016 no exercício do mandato como Presidente da Câmara Municipal de Caminha e tendo o facto sido confirmado pela senhora Procuradora-Geral da Republica após contacto efetuado, nos termos legais, pela senhora ministra da Justiça, venho apresentar a minha demissão do cargo de Secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro que ocupo desde o passado dia 16 de setembro", lia-se na carta.
Miguel Alves© Global Imagens
A 26 de outubro, o jornal Público noticiou que a autarquia de Caminha fez um "adiantamento duvidoso" de 300 mil euros para a construção de um Centro de Exposições Transfronteiriço em Caminha, no distrito de Viana do Castelo, uma obra que ainda não começou depois de o contrato-promessa entre o promotor e a autarquia ter sido assinado em 2020. Tinha sido autorizado pelo agora secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, quando liderava aquele município.
Pedido de Costa Silva... leva a duas saídas
Em novembro, recorde-se, António Costa demitiu os secretários de Estado da Economia e do Turismo - a pedido de António Costa Silva, ministro da Economia e do Mar. Nesse momento, saíram do elenco governativo João Neves, secretário de Estado da Economia, e Rita Marques, secretária de Estado do Turismo.
João Neves abandonou a equipa da Economia por "divergências de fundo" com o ministro Costa Silva. Rita Marques também saiu na mesma altura.
João Neves© Notícias ao Minuto Rita Marques© Global Images
A polémica indemnização, a TAP, a NAV, a secretária de Estado
Esta terça-feira, dia 27 de dezembro, deu-se a saída da secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis. O ministro das Finanças, Fernando Medina, pediu, esta terça-feira, a demissão da secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, tendo esta sido "prontamente aceite" pela própria.
"Solicitei hoje mesmo à Eng.ª Alexandra Reis que apresentasse o seu pedido de demissão como Secretária de Estado do Tesouro, o que foi por esta prontamente aceite", pode ler-se num comunicado emitido pelo Ministério das Finanças, a que o Notícias ao Minuto teve acesso.
Na mesma nota, Fernando Medina explica que tomou esta decisão "no sentido de preservar a autoridade política do Ministério das Finanças num momento particularmente sensível na vida de milhões de portugueses".
Alexandra Reis© Global Imagens / Leonardo Negrão
Recorde-se que a demissão surge depois de o Correio da Manhã ter noticiado, no sábado, que a secretária de Estado recebeu uma indemnização no valor de 500 mil euros da TAP por sair antecipadamente do cargo de administradora executiva da companhia aérea portuguesa, quando ainda tinha de cumprir funções durante dois anos.
[Notícia atualizada às 10h54]
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