O primeiro-ministro, António Costa, admitiu, esta sexta-feira, que o Governo "tem problemas", mas que o "principal problema" em que o Executivo tem de estar "focado" prende-se com o "dia-a-dia" dos portugueses, estando o caso da agora ex-secretária de Estado da Agricultura Carla Alves "encerrado".
"O Governo tem problemas e os problemas resolvem-se, têm de se resolver. O problema principal em que temos de estar focados é o problema que tem a ver com o dia-a-dia dos portugueses", afirmou Costa, em declarações aos jornalistas, referindo-se aos problemas "que as pessoas estão a enfrentar" e na "boa execução dos fundos comunitários".
Interrogado pelos jornalistas, o primeiro-ministro assegurou: "O Governo está coeso". "Até agora não houve nenhuma das remodelações, alterações, que teve a ver com coesão do Governo. Tem a ver com outros problemas da natureza mais diversa, pessoas, infelizmente, adoeceram, houve pessoas que tiveram problemas políticos, ou outras razões como sabemos", defendeu.
"O essencial tem sido assegurado que é a estabilidade das politicas", reforçou, dando o exemplo do Ministério da Saúde após a saída de Marta Temido.
Questionado sobre se a ministra da Agricultura tem condições para continuar, depois da demissão da secretária de Estado Carla Alves, Costa foi direto: "Sim".
Já sobre o facto de ter expressado uma opinião diferente do Presidente da República, no que diz respeito a esta caso, e interrogado sobre se Marcelo poderá ter contribuído para a instabilidade política, o primeiro-ministro recusou-se a comentar as palavras do chefe de Estado, mas reiterou o que havia dito no Parlamento.
Carla Alves? "Ela própria entendeu apresentar a sua demissão. É um caso que está encerrado"
"O primeiro-ministro não comenta as palavras do Presidente da República. O Presidente da República é o Presidente da República, eleito por todos os portugueses e, portanto, exprime aquilo que bem entende. A avaliação política do senhor Presidente da República é uma matéria, outra, o que eu disse na Assembleia da República, e isso posso continuar a repetir, é o que também é público. A dra. Carla Alves não foi objeto de acusação de nenhuma acusação judicial", afirmou, reiterando que, quando foi questionada pelo seu gabinete sobre o assunto, Carla Alves disse que "era titular de uma conta conjunta e tinha declarado tudo o que tinha a declarar às Finanças".
"Ela própria entendeu apresentar a sua demissão. É um caso que está encerrado", considerou.
O primeiro-ministro confessou que "ninguém gosta de ter problemas na sua organização", no entanto, rematou pedindo, mais uma vez, para que não se confunda o "essencial".
"Agora, não confundamos o que é essencial. E o essencial mesmo são os problemas que dizem respeito aos portugueses, que atingem a vida dos portugueses, é nesses que nos temos de concentrar e é nesses que nos temos de focar para que o país siga para a frente", concluiu.
Recorde-se que Carla Alves tomou posse como secretária de Estado da Agricultura na quarta-feira e, passadas pouco mais de 24 horas, apresentou a demissão, que se seguiu à polémica espoletada por uma notícia do Correio da Manhã que dava conta do arresto de contas conjuntas que esta tem com o marido e ex-autarca de Vinhais, Américo Pereira.
No Parlamento, e antes da demissão, António Costa, notou que Carla Alves lhe garantiu que declarou todos os rendimentos fiscais que prestou, referindo que confia "na palavra das pessoas" e não expondo razões para a sua demissão.
Contudo, pouco depois, o Presidente da República admitiu que o caso não tinha "inconstitucionalidades", mas era um "peso político negativo". Às palavras de Marcelo, seguiu-se a demissão de Carla Alves "por entender não dispor de condições políticas e pessoais para iniciar funções no cargo".
[Notícia atualizada às 18h32]
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