Em declarações à Lusa, à margem da 36.ª Cimeira da União Africana, que decorre na capital etíope, o chefe da diplomacia portuguesa disse que existe hoje "uma convergência que pode permitir que haja uma estabilização da República Centro-Africana, o que seria muito bom".
Esse tema foi abordado nas várias reuniões bilaterais que realizou com homólogos africanos, já que Portugal tem 215 militares destacados na Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (Minusca), a maioria deles paraquedistas.
"Tivemos também a oportunidade de falar com diversos colegas sobre situações que nos interessam diretamente, como é a questão da paz e da estabilidade na República Centro-Africana, onde temos forças militares muitíssimo respeitadas e a fazer um bom trabalho, mas a ideia é que mais cedo ou mais tarde haja condições para que eles saiam", reconheceu o ministro.
A República Centro-Africana caiu no caos e na violência em 2013, após o derrube do então presidente, François Bozizé, por grupos armados juntos na Séléka, o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas na anti-Balaka.
Desde então, o território centro-africano tem sido palco de confrontos comunitários entre estes grupos, que obrigaram quase um quarto dos 4,7 milhões de habitantes da RCA a abandonarem as suas casas.
A questão da insegurança noutras zonas do continente, como é o caso do Sahel, foi também abordada.
"Creio que Portugal tem uma capacidade de fazer esse trabalho de intérprete entre a realidade local africana e a forma de pensar europeia. A União Europeia são 27 países, alguns bastante longínquos em relação ao continente africano, a maior parte dos quais têm pouca ou nenhuma experiência em relação a África".
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