Patriarcado de Lisboa promete "tolerância zero" conforme "grito do Papa"

O bispo auxiliar de Lisboa Américo Aguiar prometeu este domingo que o Patriarcado de Lisboa vai agir com "tolerância zero" perante alegados padres abusadores de menores, conforme o "grito do Papa Francisco" e indicou que serão anunciadas medidas esta semana.

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Lusa
05/03/2023 19:02 ‧ 05/03/2023 por Lusa

País

Abusos na Igreja

"A transparência total e a tolerância zero é o grito do Papa Francisco e, naquilo que diz respeito ao Patriarcado de Lisboa, nos próximos dias vamos agir em conformidade com isso", declarou Américo Aguiar em declarações à RTP e à Rádio Renascença durante a procissão do Senhor dos Passos, em Lisboa.

Américo Aguiar, que é também coordenador da Comissão Diocesana de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis do Patriarcado de Lisboa, disse que "cada pessoa será colocada mediante aquilo que o quadro legal, civil e canónico a coloca" e sublinhou que, para o Patriarcado de Lisboa, "a prioridade são as vítimas e o seu sofrimento".

"O sofrimento das vítimas, o acompanhamento das mesmas e de cada uma, para nós tem um lugar principal e prioritário nas nossas ações e, nos próximos dias, o Patriarcado de Lisboa vai partilhar com todos aquilo que vai fazer", sublinhou, acrescentando que essas medidas vão ser anunciadas "durante esta semana".

O bispo auxiliar de Lisboa referiu ainda que não conhece os nomes que constam na lista de alegados padres abusadores de menores - entregue na sexta-feira pela Comissão Independente à Conferência Episcopal Portuguesa -, mas garantiu que será comunicada às autoridades.

"Nos próximos dias, a Comissão Diocesana, o senhor patriarca e o Ministério Público vamos trabalhar em conjunto. Nós vamos fazer a entrega dessa mesma lista, quer à Comissão Diocesana, quer ao Ministério Público", disse.

A Comissão Independente validou 512 dos 564 testemunhos recebidos -- entre janeiro e outubro de 2022 -, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de vítimas da ordem das 4.815. Vinte e cinco casos foram reportados ao Ministério Público, que deram origem à abertura de 15 inquéritos, dos quais nove foram já arquivados, permanecendo seis em investigação.

Estes testemunhos referem-se a casos ocorridos no período compreendido entre 1950 e 2022, o espaço temporal que abrangeu o trabalho da comissão.

O sumário do relatório, contudo, revela que "os dados apurados nos arquivos eclesiásticos relativamente à incidência dos abusos sexuais devem ser entendidos como a 'ponta do iceberg'".

Na sexta-feira, a comissão entregou à Conferência Episcopal Portuguesa, presidida por José Ornelas, a lista dos alegados abusadores.

O responsável afirmou, depois, que o afastamento de alegados padres abusadores de menores está nas mãos de cada bispo.

José Ornelas, também bispo da diocese de Leiria-Fátima, explicou que a Comissão entregou as listas de supostos abusadores, "em envelope sigilado", a cada diocese, ressalvando que o que foi entregue "é uma lista de nomes".

[Notícia atualizada às 19h14]

Leia Também: Abusos na Igreja? Governo reúne com Comissão e define "linhas de atuação"

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