A diocese de Coimbra é a mais recente a anunciar o número de padres suspeitos de terem cometido crimes de abusos sexuais de menores. Ao final da noite de sexta-feira, a diocese confirmou que recebeu, da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças, uma lista com sete párocos alvos de denúncias.
Dessa lista, explica a diocese coimbrense, num comunicado divulgado no Facebook, cinco dos sete padres visados já morreram.
Um dos nomes continua no ativo, com a instituição religiosa a explicar que "foram pedidas informações à Comissão Independente, as quais foram recebidas no dia 9 de março".
"Dessas informações, conclui-se que não foi praticada nenhuma forma de abuso sexual de menor. Por esse motivo não lhe foram impostas medidas cautelares, embora esteja em curso a investigação prévia canónica", esclarece a diocese.
Já o sétimo padre, que consta da lista de sacerdotes denunciados no âmbito das investigações aos abusos na Igreja, "foi sujeito a investigação pelo Ministério Público e também a investigação prévia canónica, tendo nas duas instâncias seguido para arquivamento". No entanto, a diocese não acrescenta se este continua ou não a praticar.
A diocese de Coimbra garante ainda que "está já a trabalhar para iniciar o processo de formação dos sacerdotes e agentes pastorais ou outros colaboradores das instituições tuteladas pela Igreja", voltando a lamentar os vários casos de abusos na Igreja portuguesa.
No total, foram afastados e suspensos de funções cinco padres suspeitos de abusos sexuais - um em Braga, um na Guarda, um em Évora e dois na diocese de Angra do Heroísmo. Várias outras dioceses já confirmaram a receção da lista de sacerdotes suspeitos, confirmando que vários continuam no ativo.
A Comissão Independente validou um total de 512 testemunhos sobre abusos sexuais na Igreja e aponta para pelo menos 4.815 vítimas, entre 1950 e 2022.
A Conferência Episcopal Portuguesa tem sido muito criticada, inclusive pelo Presidente da República, devido à postura da Igreja relativamente aos inúmeros casos de abusos por parte de sacerdotes. Recentemente, o presidente da CEP, José Ornelas, recusou categoricamente falar em indemnizações às vítimas de abusos sexuais, uma posição que fez Marcelo Rebelo de Sousa considerar-se "desiludido".
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