Isabel Jonet prefere medidas estruturais a "balões de oxigénio"
A presidente do Banco Alimentar Contra a Fome defende que as medidas de apoio às famílias anunciadas hoje pelo Governo deveriam ser mais estruturais no combate à pobreza, embora sejam "balões de oxigénio" para as pessoas mais vulneráveis.
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País Isabel Jonet
Em declarações à Lusa, Isabel Jonet disse que "todas as medidas de apoio às pessoas mais carenciadas são positivas", mas manifestou as suas dúvidas sobre a situação destas famílias uma vez ultrapassada a sua vigência, como é o caso do apoio mensal de 30 euros, que será pago trimestralmente e irá vigorar entre janeiro e dezembro deste ano (além da majoração de 15 euros por criança).
"Gostaria de ter visto algo que fosse mais estrutural e que permitisse não apenas às famílias que têm baixos salários poderem enfrentar este momento, em que têm uma maior pressão sobre os seus rendimentos, mas que pudessem ter a perspetiva e a esperança de que isto se ia aplicar depois", observou, continuando: "Em termos estruturais, é muito pobre e não é assim que se combate a pobreza no nosso país".
As medidas de apoio do Governo desde o início da crise inflacionista, segundo Isabel Jonet, "são sempre de modo a prolongar o assistencialismo", com a presidente do Banco Alimentar a apelar à subida generalizada dos salários como a resposta mais efetiva para reduzir a pobreza.
"E depois do fim do ano? Como vai ser? Gostava mais de ver medidas que tivessem dado benefícios fiscais às empresas para aumentarem o salário real das pessoas", sublinhou, acrescentando: "Gostaria mais que estas pessoas que têm baixos níveis de rendimento pudessem, de alguma forma, ter salários mais altos e que os seus empregadores tivessem esta consciência de que só com salários mais altos se pode, efetivamente, lutar contra a pobreza. Dar agora balões de oxigénio obviamente que é bom, mas não é suficiente".
Relativamente à redução do IVA sobre bens alimentares essenciais, Isabel Jonet destacou o cariz universal da medida, o que acabará também por beneficiar uma parte da população com mais rendimentos e que não tem dificuldades económicas.
"Aplica-se independentemente do nível de rendimentos; uma pessoa pode ganhar muito ou ganhar pouco que, quando vai comprar esse produto ao supermercado, tem essa isenção do IVA", salientou.
As medidas de ajuda para mitigar o aumento do custo de vida foram anunciadas hoje numa conferência de imprensa conjunta dos ministros da Presidência, Mariana Vieira da Silva, Finanças, Fernando Medina, e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, em Lisboa.
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