Pedem "respeito". Greves de professores por distritos arrancam em Gaia
Várias dezenas de professores concentraram-se hoje às 12:00 em frente da Escola Básica e Secundária de Canelas, em Gaia (Porto), dando início à greve por distritos com cartazes a exigir "Respeito" e prometendo manter a luta.
© Facebook / Paula Soeiro
País Educação
"Não paramos [a luta], não paramos, não paramos, não paramos", "Governo escuta, professores estão em luta", "O tempo é para contar, não é para roubar" ou "Os professores exigem respeito" eram algumas das frases proferidas pelas dezenas de professores que se concentraram, hoje, à frente da Escola de Canelas, em Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto.
A iniciativa marcou o início da nova ronda de greves distritais convocada pela plataforma de nove sindicatos que inclui a Federação Nacional dos Professores (FENPROF), Federação Nacional da Educação (FNE).
Na ocasião, o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, declarou aos jornalistas que a luta é para continuar e admitiu que os sindicatos estão a desenhar um plano de luta para o próximo ano letivo caso não se chegue a acordo com o Governo.
"Já começámos a discutir como é que abriríamos o próximo ano letivo, porque depois de (...) toda a luta que foi desenvolvida, se nós agora, pura e simplesmente, decidíssemos desistir, acabar, era deitar fora esse capital de luta que está acumulado", disse.
Para o sindicalista, "o Ministério da Educação sabe que os professores estão a lutar por razões justas. A opinião pública portuguesa, a população de uma forma geral têm acompanhado esta luta dos professores e isso é muito importante e portanto os professores vão continuar a sua luta, porque consideram que os alunos nas nossas escolas têm o direito a ter professores profissionalizados. Têm o direito a ter professores que promovam um ensino de qualidade".
"Se estes problemas da profissão e a sua desvalorização não forem resolvidos, o que nós vamos ter, é falta de professores, que pode, em alguns casos, ser disfarçada pela substituição dos professores por outros diplomados que não são professores, mas essa não pode ser a solução. Nós precisamos de professores nas escolas", alertou.
Segundo Mário Nogueira, o Governo e o Ministério da Educação "não desistem de desvalorizar a profissão de professor", nem de " desrespeitar os professores em direitos fundamentais", tais como a contagem do tempo de serviço, que trabalharam para efeitos de carreira, ou a nível de regime de concursos que foi aprovado pelo executivo.
"Esperamos que o senhor Presidente da República não promulgue [o regime de concursos], permitindo que ele volte novamente à mesa negocial, para corrigir as tais linhas vermelhas", apelou.
Segundo o sindicalista, neste momento a negociação que os professores esperavam era que o Governo "apresentasse uma proposta para recuperar o tempo de serviço de uma forma faseada",
"Os sindicatos, as nove organizações, propuseram que até ao final da legislatura, com abertura para alargar esse prazo, haja um faseamento que recupere o tempo que os professores trabalharam e, simultaneamente, acabar com as vagas que impedem a progressão a dois escalões da carreira", explicou Mário Nogueira, lamentando que o Governo tenha apresentado em março e confirmado em abril que "não queria recuperar um único dia daqueles que os professores ainda têm congelados".
Mário Nogueira classificou o regime de concursos do governo como sendo "discriminatório", "injusto" e "excludente" e reafirmou que os professores não desistem, nem vão parar de lutar, prometendo fazer greve às "avaliações finais e para o ano e sempre".
"Não paramos enquanto não houver respeito pela profissão".
Várias dezenas de alunos também se concentraram hoje à frente da Escola Básica e Secundária de Canelas e vários pais que vieram buscar os filhos que ficaram sem aulas.
Em declarações à Lusa, as alunas Matilde Pereira, Sofia Sampaio e Beatriz Peixoto, a frequentar o 11.º ano na área de Humanidades naquele estabelecimento de ensino, contam que ficaram sem as aulas de inglês e de educação física hoje por causa da greve.
Questionadas sobre se concordam que a luta dos professores, dizem em uníssono que sim, mas que também sentem que estão a ser prejudicadas para a preparação para os exames que vão ter no final do ano letivo.
"Por um lado acho correto que lutem pelos seus direitos, mas para os alunos que vão ter exames é prejudicial para o estudo", declaram as estudantes.
A greve dos professores por distritos vai decorrer entre hoje, 17 de abril, e 12 de maio, percorrendo, pelo meio, todos os distritos do país por ordem alfabética inversa (de Viseu a Aveiro), prevendo-se que cada dia de luta comece às 12h00, sem que tenham sido decretados serviços mínimos.
Em vez de haver um pré-aviso de greve para os 18 dias úteis, cada uma das nove organizações apresenta um pré-aviso para cada um dos dias de luta.
Hoje no Porto, pelas 15h00 está agendada uma concentração na Praça D. João I, no coração da baixa da cidade.
Além da Fenprof e da FNE, a plataforma de sindicatos inclui a Associação Sindical de Professores Licenciados (APSL), Pró-Ordem dos Professores (PRÓ-ORDEM), Sindicato dos Educadores e Professores Licenciados (SEPLEU), Sindicato Nacional dos Profissionais de Educação (SINAPE), Sindicato Nacional e Democrático dos Professores (SINDEP), Sindicato Independente dos Professores e Educadores (SIPE) e Sindicato Nacional dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e Universidades (SPLIU).
[Notícia atualizada às 13h34]
Leia Também: Docentes organizam marcha que termina junto à Festa dos 50 anos do PS
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com