Imigrantes agradecem apoio de portugueses em "manifestação surpreendente"

A presença de milhares de portugueses na manifestação contra a ação policial na rua do Benformoso, Martim Moniz, que visou imigrantes, surpreendeu os dirigentes das comunidades migrantes, que agradecem o apoio.

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Lusa
11/01/2025 19:37 ‧ há 2 horas por Lusa

País

Manifestação

No passeio, enquanto assistia à passagem da manifestação na avenida Almirante Reis, o nepalês Rami explicava ao filho o que queria dizer o 25 de Abril que era gritado pelos manifestantes.

 

"É o dia da libertação de Portugal", explicou à Lusa, salientando que o filho, de quatro anos, só tinha nacionalidade portuguesa.

"Isto é o país dele" e "é importante que ele saiba o que é o 25 de Abril", salientou o trabalhador de um supermercado numa perpendicular à Almirante Reis, o centro lisboeta da imigração que vem do subcontinente indiano, que a maioria dos portugueses quer ver reduzida, segundo estudos recentes.

O presidente da Casa da Índia, Shiv Kumar Singh, mostrou-se surpreendido com a presença de tantos portugueses na manifestação "Não nos encostem à parede", organizada na sequência da ação policial no dia 19 de dezembro que visou imigrantes na rua do Benformoso.

"Surpreendeu mas eu tinha confiança que iríamos receber um grande apoio da sociedade portuguesa" e "agora temos de melhorar os serviços de saúde, de habitação e de educação para todos", para "os portugueses e para os imigrantes", afirmou.

"Esta manifestação é contra alguma atrocidade policial contra os imigrantes" e "estamos muito gratos pelo apoio dos cidadãos nacionais", afirmou o dirigente associativo, salientando a "gratidão" de muitos estrangeiros pela abertura da sociedade portuguesa.

Aqui "estão muito mais portugueses presentes que imigrantes", mas, no final do dia, "estamos todos juntos", porque "para muitos imigrantes este é o seu país e estão a construir o seu futuro aqui, sem quererem voltar atrás".

Esse é o caso de Rami, mas também de Janelle, francesa de origem casada com um nigeriano.

De lenço palestiniano na cabeça, Janelle está de férias em Portugal, onde trabalha o marido, mas não quis faltar à manifestação de hoje.

"Onde quer que seja preciso para combater a extrema-direita, se eu puder, estarei lá", prometeu, afirmando que o mundo "está dividido" porque "isso interessa a alguns essa divisão".

"Eu sou nepalês e agora tenho um filho português. A minha mulher está grávida de uma menina. De onde é que eu sou?", resume Rami.

Leia Também: Milhares desceram Almirante Reis em protesto. Eis as imagens

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