"Uma coisa que me dá ânimo é o facto de não terem sido sinalizados até ao momento desaparecidos portugueses, o que pode ser um indício positivo de uma menor probabilidade de existirem vítimas mortais entre os nossos cidadãos", afirmou à Lusa Filipe Ramalheira, por telefone, pouco depois das 10h00 em Los Angeles (18h00 em Lisboa).
O diplomata indicou que, "neste momento", as autoridades não conseguem confirmar a informação de que uma segunda família portuguesa terá perdido a sua casa.
"Tivemos indícios de uma família que tinham sobrenome português, mas depois de alguma investigação percebemos que eram de outras nacionalidades", referiu.
Identificado está o caso de uma portuguesa, que pediu apoio consular, adiantou Filipe Ramalheira, referindo que um funcionário do consulado-geral vai deslocar-se a Los Angeles para "prestar a ajuda necessária".
"A situação é fluida", afirmou o cônsul, que disse não afastar "a possibilidade de haver mais portugueses afetados".
O responsável elogiou o "espírito de entreajuda brutal" da comunidade portuguesa, que "tem trabalhado de forma exemplar".
"Há redes informais de portugueses a trabalhar muito bem. Vão-se acolhendo uns aos outros quando têm de ser obrigados a sair de alguns locais. Há troca de informação em tempo real sobre a situação no terreno e, de facto, têm também sido um grande auxílio para nós aqui no consulado-geral", comentou.
Sobre o ponto de situação do combate aos incêndios que afetam a cidade de Los Angeles há vários dias, Filipe Ramalheira relatou que a noite passada foi "uma noite muito intensa", tendo-se registados alguns progressos nos dois principais fogos, de Palisades e Eaton: "um deles encontra-se controlado a 12%, o outro a 15%", o que "são números ainda curtos".
"A evolução nas próximas horas poderá dar para qualquer lado. Vai depender muito das condições atmosféricas", disse, comentando que "é uma corrida contra o tempo".
Na madrugada de hoje houve novas ordens de evacuação, principalmente na zona de Palisades, Brentwood e Encino, indicou o diplomata.
"Os ventos estavam muito irregulares e o combate às chamas mostrou-se muito difícil", relatou, acrescentando que "nas próximas horas, os principais receios são a alteração da situação meteorológica e receios de reacendimentos que poderão novamente agravar a situação".
Filipe Ramalheira sublinhou que a oferta de ajuda por parte do Governo português "foi um gesto muito apreciado pelas autoridades locais", mas, neste momento, "eles estão a tentar focar-se naquilo que ainda são as capacidades que têm a nível nacional e que neste momento julgam ser suficientes", contando com o apoio de bombeiros de vários estados, incluindo Arizona, Oregon e Nevada.
Os cidadãos portugueses que necessitem de ajuda podem recorrer ao Gabinete de Emergência Consular ou contactar diretamente os e-mails ou telefones do consulado-geral em São Francisco, salientou.
"Estamos a trabalhar 24 sobre 24 horas nesta situação e naturalmente estamos aqui para prestar o apoio que nos for possível prestar neste momento", disse Filipe Ramalheira.
Os incêndios naquela cidade da Califórnia, nos Estados Unidos, provocaram já 11 mortos e 13 desaparecidos e destruíram mais de 14 mil hectares e 12 mil edifícios.
A empresa AccuWeather estima que os incêndios tenham um custo de entre 135 e 150 mil milhões de dólares (entre 131 e 146 mil milhões de euros).
[Notícia atualizada às 19h17]
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