"Isto significa uma ação bonita de dizer que 'nós não nos resignamos'", afirmou José Ornelas aos jornalistas, em Fátima, após o Encontro Sinodal nacional, a propósito da manifestação 'Não nos encostem à parede'.
Recusando fazer política com esta matéria, José Ornelas frisou: "Mas faço, sim, um gesto de dizer que não podemos ficar, simplesmente, parados e que também a Igreja não pode ficar".
"Às vezes, a indignação significa dignidade e significa projeto e significa sede de um mundo melhor", adiantou o bispo da Diocese de Leiria-Fátima.
O presidente da CEP considerou ainda que a iniciativa "tem a ver tudo com sinodalidade, que é a sinodalidade do estrangeiro, do migrante".
"A Igreja tem por vocação ser migrante, migrante nas culturas, migrante na História, migrante no tempo e migrante também nas ideias", acrescentou José Ornelas.
A manifestação foi convocada após a operação policial do dia 19 de dezembro na rua do Benformoso, perto do Martim Moniz, em Lisboa, e de terem sido divulgadas as imagens de dezenas de imigrantes encostados às paredes dos prédios, para serem revistados.
A operação policial resultou na detenção de duas pessoas e já teve como consequência a abertura de um inquérito por parte da Inspeção-Geral da Administração Interna e uma queixa à provedora de Justiça, subscrita por cerca de 700 cidadãos, entre eles deputados do PS, Bloco de Esquerda e Livre.
O anúncio desta manifestação, entre a Alameda e o Martim Moniz, motivou a organização pelo partido Chega de uma vigília de apoio à Polícia de Segurança Pública também para hoje, denominada "Pela autoridade e contra a impunidade", com concentração na Praça da Figueira, muito perto do Largo do Martim Moniz.
O Encontro Sinodal nacional foi uma organização da Conferência Episcopal Portuguesa e reuniu cerca de 300 pessoas. O objetivo foi refletir sobre o documento final do Papa Francisco e da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade e a sua aplicação prática no seio das comunidades.
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