Os sindicatos "já enviaram um pedido de reunião e de início de mesa negocial ao ministro da Saúde, mas, até agora, não obtiveram resposta", adiantou à agência Lusa o vice-presidente da Ordem dos Enfermeiros (OE), Luís Filipe Barreira.
Segundo a OE, que promoveu o encontro em Lisboa, estiveram presentes todos os sindicatos de enfermagem, à exceção do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).
Luís Filipe Barreira adiantou ainda que esta reunião teve o objetivo de analisar a situação atual da profissão em Portugal, que continua a registar um "nível muito alto de abandono".
"Estamos a falar de uma carreira que precisa de uma revisão e de uma adequação àquela que é hoje a diferenciação dos enfermeiros, nomeadamente, na própria tabela salarial e na redução da idade da reforma", avançou o vice-presidente da ordem.
Luís Filipe Barreira adiantou ainda que o último relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que analisa a remuneração dos enfermeiros em 21 países, coloca Portugal na 19.ª posição, na "cauda dos países que pior pagam aos enfermeiros".
Estes são "assuntos amplamente conhecidos dos políticos, mas chegou a altura de o Ministério da Saúde colocar os enfermeiros no centro do debate político e ter uma estratégia clara para o desenvolvimento da profissão, que passa, naturalmente, por esta revisão da carreira e um acordo coletivo de trabalho", defendeu o dirigente da OE.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, divulgados em abril, em 2021, estavam inscritos em Portugal 80.238 enfermeiros, o que corresponde a 7,8 por 1.000 habitantes.
Do total de enfermeiros em atividade em 2021, 58.168 eram generalistas (72,5%) e 22.070 eram especialistas (27,5%), com predominância de especialistas em enfermagem de reabilitação (22%) e enfermagem médico-cirúrgica (21,6%).
Em novembro de 2022, o Conselho de Ministros aprovou, após várias reuniões com os sindicatos, um diploma referente à contagem de pontos na avaliação do desempenho e que descongelou a progressão salarial dos enfermeiros do Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas os sindicatos têm denunciado "irregularidades" na sua aplicação.
Nas contas do ministério, este decreto-lei abrangeu cerca de 20 mil enfermeiros que subiram uma ou duas posições remuneratórias, com o pagamento de retroativos a janeiro de 2022, num esforço orçamental de 72 milhões de euros no ano passado, que aumenta para cerca de 80 milhões nos anos seguintes.
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