"Atualmente são sobretudo os alunos de Cabo Verde que estão a beneficiar dessas bolsas. É bom que sejam alargadas a outros estudantes", disse à agência Lusa a presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), Maria José Fernandes.
De acordo com a mesma fonte, havia cerca de 60 alunos dos países africanos de expressão portuguesa a frequentar os politécnicos em 2021, o levantamento mais recente do CCISP.
"Precisamos de atrair estudantes, até porque sabemos que vamos ter uma quebra de alunos", afirmou a docente, referindo-se à quebra da natalidade com que se depara a população portuguesa.
"Estas bolsas pagam as propinas. Atualmente vemos como positiva esta medida", afirmou Maria José Fernandes, indicando que as instituições têm promovido campanhas anuais para captar estudantes noutros países, nomeadamente no Brasil e na Colômbia.
O primeiro-ministro, António Costa, anunciou na segunda-feira que Portugal, a partir do próximo ano letivo, vai duplicar o número de bolsas que concederá a estudantes de países africanos de língua oficial portuguesa e subir em 30% o valor dessas bolsas.
"Portugal tem muitos fatores de atração para esses estudantes, nomeadamente a língua", acrescentou, para defender "uma estratégia nacional", neste sentido.
O anúncio do primeiro-ministro foi feito durante numa conferência de imprensa conjunta com o Presidente de Angola, João Lourenço, depois de os governos de Portugal e Angola terem assinado 13 acordos.
"A cooperação na educação continuará a ter um papel fundamental. E, por isso, a partir do próximo ano letivo, Portugal vai duplicar o número de bolsas concedidas para licenciaturas ou mestrados do conjunto dos países de língua oficial portuguesa", declarou o chefe do Governo português.
António Costa adiantou que o Governo português terá também em conta "o aumento dos custos e, nesse sentido, haverá um aumento de 30% do valor das bolsas, o que, naturalmente, também se traduzirá numa subida das bolsas concedidas a estudantes angolanos nas universidades portuguesas".
Ainda de acordo com o primeiro-ministro, Portugal vai continuar a investir na Escola Portuguesa de Luanda e também no desenvolvimento dos polos fora da capital angolana de forma a serem servidos o maior número de estudantes que pretendam seguir o currículo português, integrando também na carreira docente os professores dessas escolas".
Contactado pela Lusa, o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), António Sousa Pereira, fez saber que concorda "em abstrato" com a medida, mas preferiu não comentar sem conhecer o programa em questão.
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