O jornalista da SIC Pedro Coelho comentou, esta terça-feira, as buscas realizadas nas residências de dois membros do partido Chega - Luc Mombito, conselheiro pessoal de André Ventura, e Nuno Pontes, vice-presidente da Distrital do Porto. Este último foi ainda detido durante a operação.
Em causa estão crimes de coação, ameaças e atentado à liberdade de imprensa, após a emissão, em 2021, da reportagem 'A Grande Ilusão', da autoria de Pedro Coelho.
Em declarações ao canal, o jornalista referiu que, após a primeira parte do conjunto de reportagens, Luc Mombito e Nuno Pontes "puseram a circular um conjunto de mensagens atentatórias" da sua "integridade física". No entanto, afirmou que "nunca as levou muito a sério" e, por isso, não avançou com uma queixa nas autoridades.
A queixa foi então apresentada pelo International Press Institute e Pedro Coelho foi chamado ao Ministério Público (MP) em duas ocasiões "para prestar esclarecimentos sobre a origem dessas mensagens", tendo o MP pedido que partilhasse o conteúdo das mesmas.
"Qualquer ameaça deve ser levada a sério. Confesso que, na altura, foram centenas as mensagens de ódio. Não sou o único jornalista, infelizmente, em Portugal que é vítima de ódio. Nessa altura fui uma enorme vítima", afirmou.
No entanto, não querendo "alimentar a fogueira", o jornalista e a direção de informação da SIC decidiram não avançar com uma queixa. "O que mais me choca é terem sido os dirigentes do partido a serem os autores dessas ameaças. Não apenas foram os autores, como levaram atrás deles um conjunto imenso de outros ilustres anónimos", disse, acrescentando que "o discurso de ódio não é desculpável em nenhuma circunstância".
André Ventura já afirmou que não irá afastar nenhum dos dois implicados e referiu que irá aguardar o resultado das investigações do processo.
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